Estadão

Ibovespa fica à mercê da cautela no exterior, apesar de sinal de alívio da inflação

A nova alta dos rendimentos dos Treasuries mais cedo ainda realimenta a cautela dos mercados internacionais nesta segunda-feira, 23, com queda das bolsas e das commodities, diante das incertezas relacionadas aos juros americanos e dos temores por conta da continuidade guerra entre Israel e o grupo Hamas.

Hoje, a T-Note de dez anos voltou a superar a marca de 5,00%, influenciando a curva de juros no Brasil, a despeito de novos indícios de arrefecimento da inflação. Nesse cenário e em dia de agenda esvaziada, o Ibovespa deve ficar à mercê do exterior. Na sexta-feira, o Índice Bovespa fechou em queda de 0,74%, a 113.155,28 pontos.

"No Brasil, os ativos devem continuar muito influenciados pelo panorama internacional, que aponta para mais uma sessão cautelosa", estima Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em relatório.

O petróleo acelera a queda para perto de 1,00%. Conforme o economista da Tendências, a ausência de escalada do conflito no final de semana no Oriente Médio pode ajudar a conter as pressões no mercado de óleo. O minério de ferro estendeu as perdas na China nesta segunda-feira, diante das preocupações com a economia e o setor imobiliário do país. A commodity fechou em queda de 2,45% em Dalian.

Os ADRs da Petrobras e da Vale caem no pré-mercado dos Estados Unidos. Aliás, as empresas ficarão ainda mais no radar nesta semana. A mineradora divulgará seu balanço do terceiro trimestre e a estatal, dados de produção do período. O Santander Brasil inicia a temporada de anúncios de resultados do setor e no âmbito econômico, espera-se avanço de temas importantes para a arrecadação. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), está de volta de viagem externa e retoma hoje os trabalhos na Casa.

No exterior, destaque a dados de empresas de tecnologia, enquanto o Fed inicia o período de silêncio a poucos dias da decisão de política monetária. Na sexta-feira, destaca Gabriela Sporch, analista da Toro Investimentos, sairá o dado de inflação mais acompanhado pelo banco central americano, o PCE (Índice de preços de gastos com consumo) de setembro. "Vamos esperar o resultado, acompanhar para ver se a curva de juros nos Estados Unidos vai estressar mais", diz, em nota.

Diante de sinais crescentes de desinflação no Brasil, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, fica no radar. Ele fará palestra em evento promovido pelo <b>Estadão</b> e pela Bora Investir-B3 (15 horas).

Depois do anúncio de queda no preço da gasolina, que tende a aliviar o IPCA em até 0,10 ponto porcentual em 2023, e após o recuo maior do que o esperado do IBC-BR de agosto – indicando recessão técnica da economia à frente -, hoje a Focus trouxe mais reduções para a inflação.

Para o IPCA fechado neste ano, a mediana agora está abaixo do teto da meta (4,75%), enquanto as demais estimativas continuam acima do centro da banda estabelecida para a inflação. A despeito das diminuição, não houve alterações nas projeções para Selic.

No boletim Focus, a economista-chefe do TC, Marianna Costa, destaca também a queda da projeção para o PIB de 2023, de alta de 2,92% para 2,90%, "refletindo a divulgação do IBC-BR na última semana, assim como as vendas no varejo, ambos indicando atividade mais fraca."

Às 10h09, o Ibovespa caía 0,78%, na mínima aos 112.273,52 pontos, ante abertura aos 113.144,74 pontos (-0,01%). Petrobras cedia 3,57% (PN) e -3,06% (ON), enquanto Vale ON recuava 0,81%.

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