Estadão

Ibovespa fica quase estável, a 114,5 mil pontos, mas cai 4,49% na semana

A última sessão antes do segundo turno da eleição presidencial, e a penúltima do mês, como era de se esperar foi marcada por cautela, com o Ibovespa desconectado do bom humor externo, que resultou em ganhos acima de 2% para Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq no fechamento desta sexta-feira em Nova York. Aqui, além da incerteza eleitoral – que no pior cenário, de eventual contestação do resultado, estenderia-se por um "terceiro turno" -, o balanço trimestral da Vale, divulgado na quinta à noite, pressionou as ações da mineradora (ON -4,88%) neste encerramento da semana. No intervalo, o Ibovespa acumulou perda de 4,49%, após ganho de 7,01% na anterior.

Nesta sexta, o índice ficou bem perto de zerar as perdas do dia perto do encerramento, ao fechar em baixa de 0,09%, a 114.539,05 pontos, entre mínima de 113.336,06 e máxima de 114.712,07 pontos, com abertura a 114.636,18 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 31,0 bilhões nesta sexta-feira. No mês, o Ibovespa avança 4,09%, com ganhos no ano a 9,27%.

O CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, afirmou nesta sexta que o terceiro trimestre mudou as perspectivas da companhia. "Foi bem sólido com relação à produção, custo em linha, frete também. Enfim, foi um pouco frustrante em relação a questões contemporâneas, mas estamos indo bem nas variáveis que a gente controla, como custo", disse.

A queda sustentada nos preços do minério de ferro, em meio ao enfraquecimento do ritmo de atividade econômica da China, produz efeito também sobre as ações do setor de siderurgia, que operou em forte retração nesta sexta-feira, com destaque para CSN (ON -5,74%). A falta de relaxamento na política de Covid-zero no país asiático tem afetado diretamente os preços e a demanda por materiais básicos, pressionando as ações das empresas do setor.

O dia também foi negativo para Petrobras (ON -1,51%, PN -1,18%), com o petróleo em baixa superior a 1% na sessão, levemente positiva para os grandes bancos (Itaú PN +0,78%, Bradesco ON +0,74%), o que ajudou a conter as perdas do Ibovespa.

Na ponta positiva do índice na sessão, destaque para Méliuz (+8,33%), Cogna (+5,30%), Americanas (+4,84%) e Sul América (+4,40%). No lado oposto, além de CSN (-5,74%) e Vale (-4,88%), pela ordem as duas maiores perdedoras do dia, destaque também para Usiminas (-4,17%), Gerdau (PN -3,65%) e Bradespar (-3,32%). O índice de materiais básicos, que reúne as ações de commodities, fechou a sessão em baixa de 1,29%, enquanto o de consumo, com exposição à economia doméstica, avançou 1,87%.

Apesar do viés negativo que prevaleceu nesta última sessão da semana, o Ibovespa conseguiu manter a linha dos 114 mil pontos, que havia perdido na quarta, quando fechou aos 112,7 mil pontos. Na mínima intradia da semana, também na quarta-feira, chegou aos 112,5 mil pontos, menor patamar desde o último dia 17.

"O volume de hoje ficou mais fraco e é natural essa cautela antes de uma eleição ainda indefinida, com parte das pesquisas ainda mostrando empate técnico, dentro da margem de erro. Não dá para fazer posição em cima, então se deixa em caixa, à espera do resultado", diz César Mikail, gestor de renda variável da Western Asset.

Em Nova York, os índices acionários continuaram a surfar nesta última sessão da semana a expectativa por moderação no ritmo de alta dos juros do Federal Reserve ainda este ano, bem como uma temporada de balanços trimestrais que, à exceção das grandes empresas de tecnologia, tem se mostrado "ok" até o momento, acrescenta o gestor.

Aqui, na quinta, perto do fechamento, a carta do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o "Brasil do Amanhã", em que se faz referência a responsabilidade fiscal, foi rapidamente posta de lado pelo mercado como uma manifestação vaga e, em alguns pontos, contraditória, segundo o mercado.

"Ainda há dúvida sobre o que virá em caso de um terceiro mandato de Lula: se será como um Lula 1 , do Henrique Meirelles no BC, ou um Dilma 2 , do Guido Mantega na Fazenda, com ações muito desenvolvimentistas na agenda econômica. Embora a carta tenha sido um aceno para o mercado, ficou muito vaga em termos de propostas concretas", diz Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos.

Ante a incerteza no horizonte imediato, o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira traz um quadro de maior equilíbrio das expectativas para as ações no curtíssimo prazo, em comparação à pesquisa anterior. Entre os participantes, a previsão de alta para o Ibovespa caiu de 72,73% para 44,44%, sendo ainda majoritária, enquanto a de queda saltou de 18,18% para 33,33%. Para 22,22%, a Bolsa fechará a próxima semana com estabilidade, porcentual bem maior do que os 9,09% que no último Termômetro esperavam variação neutra.

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