Apesar da alta moderada dos índices futuros de Nova York, o Ibovespa firma-se em território negativo e segue renovando mínimas. Além disso, o dólar acelerou a alta para a casa dos R$ 5,70. Conforme Rodrigo Friedrich, head de renda variável da Renova Invest, estão no radar dos investidores a perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos, bem como o aumento no ritmo de retirada do "tapering", que já começou.
"E internamente, há preocupações fiscais, à medida que servidores de outras categorias planejam paralisar suas atividades para conseguirem aumento salarial. Os do BC ameaçam paralisação e entrega de cargos, é pressão sobre o governo federal", explica. Isso porque no fim do ano passado o governo incluiu um reajuste salarial de R$ 1,7 bilhão apenas para policiais federais no Orçamento de 2022, o que gerou descontentamento em outras categorias.
Às 10h50 desta terça, o Ibovespa caía 0,42%, aos 103.483,79 pontos, ante mínima diária aos 103.467,12 pontos (-0,44%).
O mercado ainda monitora o estado de saúde do presidente Jair Bolsonaro, que está internado em hospital de São Paulo por causa de obstrução intestinal. Por ora, uma cirurgia está descartada pela equipe médica e Flávio Bolsonaro, filho do mandatário, disse que ele pode receber alta a "qualquer momento.".
Porém, temores fiscais seguem no radar. A decisão do governo de editar uma Medida Provisória revogando a necessidade de a União compensar ao INSS o valor da desoneração da folha de pagamentos para 17 setores pode acabar indo para a Justiça. Técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) ouvidos pelo <b>Estadão/Broadcast</b> alertam que o fim da compensação poderá ser questionado judicialmente ou junto à própria Corte de Contas caso o teto de gastos não seja recalculado desde 2016. Além disso, pesa sobre os negócios a informação de que o sindicato que representa os servidores do Banco Central iniciou movimento de entrega de cargos de chefia na autarquia, por reivindicação salarial.
O que ajuda a conter a queda do índice são perspectivas de crescimento na demanda em algumas partes do globo, especialmente na China, dado que a avaliação é de que os efeitos da variante Ômicron não serão tão devastadores.
A maioria das bolsas na Ásia fechou em alta após o PMI industrial da China acelerar a 50,9 em dezembro, ante 49,9 em novembro, indicando expansão da atividade. A libra atingiu máximas intradias sucessivas em relação ao dólar após divulgação do PMI industrial do Reino Unido do mês passado, que caiu menos do que inicialmente estimado, enquanto as vendas do varejo na Alemanha subiram mais do que o previsto em novembro.
Após dados encorajadores da manufatura chinesa, o minério de ferro encerrou com valorização 0,70%, no porto chinês de Qingdao, a US$ 123,12 a tonelada, favorecendo as ações da Vale e da Gerdau Metalurgia, que subiam 0,97% e 1,42%, às 10h59, respectivamente.
Da mesma forma, os contratos futuros de petróleo avançam no exterior, enquanto investidores aguardam decisão de oferta dos principais países produtores da commodity no mundo. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo se reúne com aliados (Opep+), hoje. A expectativa é que o cartel mantenha os planos atuais de aumentar mensalmente a produção em 400 mil barris por dia (bpd). Ainda assim, Petrobras cedia.
"Dados melhores na China e na Europa sustentam o bom humor global", diz o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, em análise matinal a clientes. Segundo ele, a sinalização externa é boa, "ainda que a questão da liquidez sugira volatilidade."
De acordo com relatório da equipe da Levante Ideias de Investimentos, o ano de 2022 deve ser "pródigo em solavancos, ainda mais tendo em vista a eleição presidencial".
A agenda de indicadores no Brasil está esvaziada, enquanto nos Estados Unidos saem o PMI industrial e o relatório do mercado de trabalho Jolts. Porém, a grande expectativa é pela divulgação da última ata de política monetária do Fed, na quarta-feira, e pelo "payroll" (relatório oficial de emprego), na sexta.
No campo corporativo doméstico, destaque para informação de que a JBS concluiu a aquisição da Rivalea, líder na criação e processamento de suínos na Austrália. As ações subiam 0,25%.