Boas novas relacionadas ao tratamento para covid-19 nos Estados Unidos permitem recuperação da maioria das bolsas americanas e atenuam a queda na Europa, apesar de renovadas preocupação inflacionárias no mundo. Neste ambiente, o Ibovespa abriu em alta e adotou uma sequência de máximas há instantes, conquistando cerca de 900 pontos, mirando novamente os 112 mil pontos, enquanto o dólar passou a renovar mínimas, cedendo para a faixa de R$ 5,38, levando consigo os juros futuros.
A abertura em alta das bolsas em Nova York e a afirmação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de que é temerário apostar fichas na Reforma do Imposto de Renda (IR) para bancar novo programa social, permitem aos ativos domésticos iniciar outubro com um pouco mais de folga, depois do tumultuado setembro.
Pacheco levantou dúvidas sobre a proposta do governo do presidente Jair Bolsonaro de vincular a reforma do IR como financiamento do Auxílio Brasil, programa desenhado para substituir o Bolsa Família a partir de novembro. Afirmou que tem procurado alternativas à estratégia do governo.
O chefe do Senado ainda disse que a Petrobras precisa ceder um pouco na relação com investidores para que haja reflexos. "Temos que buscar estabilidade política para que haja controle do câmbio".
Às 10h33, as ações da empresa subiam 0,59% (PN) e 0,36% (ON), após viés de baixa.
Já no exterior, a Merck anunciou resultados promissores de seu remédio molnupiravir no tratamento do coronavírus.
Além disso, saíram dados de inflação dos EUA. O Índice de preços de gastos com consumo (PCE), indicador de inflação mais acompanhado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), atingiu 0,4% em agosto, repetindo a taxa original de julho. O núcleo do indicador subiu 0,3%, ante previsão de 0,2%, enquanto a renda subiu 0,2%, igual ao previsto, e os gastos com consumo avançaram 0,8% no período, na comparação com expectativa média de analistas de 0,7%.
"O resultado é fundamental para o banco central calibrar o ritmo de redução dos estímulos monetários", observa Julia Aquino, especialista em investimentos da Rico, em nota.
Por aqui, a inflação segue avante, como reforçou nesta sexta o IPC-S de setembro (1,43%), que superou as estimativas na pesquisa Projeções Broadcast (1,21% a 1,42%, com mediana de 1,29%). Ao mesmo tempo, o governo continua tentando encontrar meios para conter o encarecimento dos combustíveis, que são alguns dos produtos que mais pressionam a cesta de preços do brasileiro. No entanto, as tentativas do presidente Jair Bolsonaro nessa questão nem sempre são bem recebidas por insinuarem ingerência política na Petrobras, o que continua no radar do mercado.
Na quinta, Bolsonaro citou a possibilidade de repassar dividendos da estatal a um fundo regulador que possa modular a alta dos combustíveis. O presidente defendeu também o fim das bandeiras nos postos como uma medida para amenizar a alta dos preços.
Para tentar encontrar um solução para essa questão, Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estão reunidos nesta manhã. O encontro não estava na agenda oficial de nenhum dos três. "Passaremos o final de semana em conversas e tratativas", disse Lira há instantes.
Ontem, o Ibovespa fechou com baixa de 0,11%, A 110.979,10 pontos, com perda mensal de 6,57% (a maior desde março de 2020). Às 10h43, subia 0,82%, aos 111.883,97 pontos, ante máxima a 111.895,30 pontos. Abriu a 110.979,75 pontos.
O petróleo voltou a testar alta, após ceder mais cedo, em meio à possibilidade de que a Opep+ acelere planos de aumentar sua produção, em reunião prevista para segunda-feira, para aliviar preocupações com a oferta.
Em meio ao quadro inflacionário doméstico já pressionado, os mercados voltaram a se estressar ontem após notícias reforçarem comprometimento das contas públicas.
Conforme reportagem exclusiva do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), uma ala do governo defende a inclusão da prorrogação do auxilio emergencial na PEC dos precatórios. Ainda no noticiário, a aprovação de um projeto de lei flexibilizando as regras para uso da "sobra" de recursos do Bolsa Família pode abrir caminho ao remanejamento de R$ 9,5 bilhões no Orçamento deste ano.
"O grande problema é que a ala política do governo quer encaixar o auxilio emergencial na PEC dos precatórios em um cenário que já não está tão bom, fazendo de tudo pensando na reeleição presidente Bolsonaro, com possibilidade de rompimento do teto de gastos", avalia Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença.