Na contramão de Nova York, onde prevaleceu nesta segunda-feira leve sinal negativo, o Ibovespa reverteu parte da perda acumulada ao longo da semana passada, de 0,71%, com as principais ações do índice da B3 alinhadas na mesma direção nesta segunda-feira. Ao fim, mostrava ganho de 0,44%, aos 128.154,79 pontos, com giro enfraquecido a R$ 18,4 bilhões, em dia no qual os investidores contaram com poucos catalisadores para orientar os negócios. Ainda assim, o Ibovespa praticamente operou apenas no positivo, ao sair de abertura a 127.599,57 e tocar mínima a 127.598,83 – na máxima, atingiu 128.669,39 pontos. No mês, avança 1,77%, com perda no ano a 4,49%.
"Dia meio parado, sem agenda de peso aqui e nos Estados Unidos. Ganhará dinamismo a partir de amanhã quando a atenção estará concentrada na ata do Copom, muito importante para esclarecer a razão da divergência sobre o grau de corte da Selic na reunião da semana passada", diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, acrescentando haver a possibilidade de argumentos técnicos para justificar a opção seguida pelos quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao votarem pelo corte de meio ponto porcentual, e não de 0,25 ponto defendido pela maioria de cinco, no Copom da quarta-feira passada.
"Boletim Focus trouxe hoje novo aumento na expectativa de mercado para a Selic no fim do ano, com projeção ajustada para 9,75%, com pequena elevação na expectativa de inflação para 2024. Em razão da abertura bem forte que houve na curva de juros especialmente ao longo de abril, teve um ajuste técnico, de fechamento, para as taxas domésticas hoje, em um dia misto no exterior, com Nova York mais perto do zero a zero na sessão", diz Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos.
Para o ano, no Focus desta semana, "a estimativa do IPCA subiu de 3,72% para 3,76%, refletindo pressões inflacionárias persistentes, enquanto o PIB teve uma leve alta na projeção, de 2,05% para 2,09%, e a da Selic subiu de 9,63% para 9,75%, o que não impediu a extensão da curva de juros de cair" nesta sessão, observa Lucas Almeida, sócio da AVG Capital.
Apesar de algum fechamento observado na curva de juros nesta primeira sessão da semana, empresas exportadoras como Vale (ON +0,59%) e Marfrig (ON +1,21%) estiveram nesta segunda entre as de melhor desempenho, destaca Luives. Na ponta do Ibovespa, nomes do setor metálico, como CSN Mineração (+8,48%) e CSN (+2,17%), ao lado de papéis como RaiaDrogasil (+3,51%) e Magazine Luiza (+2,60%), do ciclo doméstico, além de B3 (+2,65%) e Embraer (+2,30%). No lado oposto, Yduqs (-11,85%), após balanço trimestral, à frente de LWSA (-3,05%) e de IRB (-2,96%).
Nas commodities, o dia foi positivo para o minério, em alta perto de 2,5% em Dalian, na China, e para o petróleo em Nova York e Londres, com o WTI e o Brent mostrando avanço em torno de 1%. Aqui, Petrobras ON e PN tiveram leve ganho de 0,02% e 0,10%, pela ordem, na sessão. Entre os grandes bancos, o sinal também foi positivo, com Itaú (PN +1,23%) à frente nesta segunda-feira – exceção para Bradesco ON, em baixa de 0,25% no fechamento.
Além da ata do Copom, na terça, há também a expectativa em torno do pronunciamento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, destaca Alexandre Siqueira, analista do Grupo Fractal, em semana que traz ainda, na quarta-feira, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos – todos eventos com "papel crucial" na orientação dos negócios nos próximos dias, acrescenta. Até lá, como se viu nesta segunda, a tendência é de que o mercado se mantenha em modo de "espera e observação".