Vindo de perda de 1,66% no dia anterior, o Ibovespa estendeu o movimento corretivo nesta terça-feira, mas conseguiu aparar o ajuste à medida que se aproximava do fechamento, em baixa de 1,07%, aos 117.903,81 pontos, no menor nível de encerramento desde 4 de maio, então a 117.712,00 pontos, após ter chegado a estar a caminho do menor patamar desde o começo de abril.
Ao longo da sessão, renovou mínimas intradia que o levaram dos menores patamares de maio aos do início de abril, aproximando-o de março, mês em que iniciou recuperação que se estenderia ao fim de junho, após perdas acumuladas em janeiro e fevereiro. As perdas em agosto, de 3,20%, já se aproximam das computadas em julho (-3,94%) e, no ano, o Ibovespa passa a terreno negativo, em baixa de 0,94% em 2021.
Desde o fechamento da última sexta-feira, quando subiu 0,41%, a 121.193,75 pontos, o índice da B3 emendou duas quedas que pulverizaram cerca de 3,3 mil pontos – na mínima desta terça, a retração encostava em 5 mil pontos. A perda dos 120 mil pontos, na segunda-feira, nível de suporte importante que havia sido sustentado nas três sessões precedentes, contribuiu para acelerar a correção, em uma semana, ao contrário da anterior, de recrudescimento da aversão a risco no exterior, com dados econômicos mais fracos tanto nos Estados Unidos como na China, que acirram receios quanto a efeitos da variante Delta do coronavírus sobre a retomada global.
Com perdas acima de 1% nos índices de Nova York à tarde – mas limitadas no fechamento -, o Ibovespa foi nesta terça a 116.247,81 pontos na mínima da sessão, menor nível intradia desde 5 de abril (115.262,30 pontos). O giro financeiro desta terça-feira subiu para R$ 41,4 bilhões, na véspera do vencimento de futuros sobre o índice. Na semana, o Ibovespa acumula perda de 2,71% nestas duas primeiras sessões.
"Mercado seguiu hoje tendência de queda, acompanhando os de fora, o que contribuiu para acelerar por aqui. A Bolsa acabou perdendo ponto importante, mas o grande fator, que tem impulsionado essa queda dos últimos dias, está muito correlacionado com o nosso ambiente interno, nosso macro", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. Ele alinha, entre os fatores de risco, "a divergência entre os poderes", que contribui para "mais ruído".
"Ontem, os dados abaixo do esperado na China, em especial a atividade industrial, não animaram os investidores, abrindo caminho para uma correção. Hoje foi o resultado do varejo norte-americano que trouxe preocupação", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Por outro lado, ele destaca a fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que contribuiu, à tarde, para acalmar um pouco o mercado: o dirigente observou que a pandemia ainda está presente, e que deve se manter por algum tempo, em um contexto de retomada gradual da economia.
"A fala deu alívio para os mercados como no Ibovespa, que rapidamente subiu mil pontos após o posicionamento do Fed. Powell segue cauteloso sobre a recuperação da economia e não deve forçar a retirada de estímulos, como vinha sendo precificado pelo mercado", acrescenta o analista da Clear.
Mais cedo, as ações de Petrobras, em alta, mitigavam parte dos danos, mas acabaram por ceder também à tarde, com o Brent negociado a US$ 68 por barril. Ao final, Petrobras ON e PN ficaram bem perto da estabilidade (ON +0,04%, PN sem variação), enquanto Vale ON cedeu 1,65%, em ajuste limitado em relação ao visto mais cedo também em bancos, segmento em que a retração foi a 0,62% (Santander) no encerramento. Destaque para fortes quedas em siderurgia, em especial para Usiminas PNA (-5,09%), entre as maiores perdas da carteira Ibovespa na sessão.