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Ibovespa limita queda perto do fim, mas cede 2%, no menor nível desde agosto

Em dia de apetite por risco em Nova York, onde os ganhos ficaram entre 1,26% (Nasdaq) e 1,58% (Dow Jones) no fechamento desta segunda-feira, 12, o Ibovespa chegou a ceder mais de 3% nos piores momentos da sessão, atingindo o menor nível intradia desde 4 de agosto, mas conseguiu limitar a perda a 2,02%, aos 105.343,33 pontos no encerramento, amparado no fim por relato sobre a PEC da Transição. Hoje, mais cedo, o índice da B3 oscilou entre mínima de 103.876,71 pontos e máxima de 107.561,12 pontos, saindo de abertura aos 107.518,28 pontos.

Até perto do fechamento, abaixo dos 105 mil, parecia que o índice encerraria no menor nível desde 3 de agosto, quando marcou 103.774,68 pontos – ao fim, a melhora não foi tanta: mesmo aos 105 mil, não fugiu do pior nível de encerramento desde aquele mesmo dia de agosto. O giro financeiro ficou em R$ 30,8 bilhões nesta segunda-feira. No mês, o Ibovespa cai 6,35%, chegando a ficar no negativo no ano, durante a sessão – ao fim do pregão de hoje, ainda sobe 0,50% em 2022.

Na reta final veio a melhora do Ibovespa, com o relato de que a votação da PEC da Transição pode não ocorrer nesta quarta-feira, diferentemente do que queria o governo eleito. O adiamento teria relação com a falta de votos necessários à aprovação do texto na forma como passou pelo Senado – o que sugere possível nova desidratação, agora na Câmara. Houve reação na curva de juros, contribuindo para aparar as perdas do Ibovespa perto do encerramento. O índice de consumo (ICON), mais exposto à curva, cedeu 2,10%, após recuo perto de 3% na mesma tarde.

Mais cedo, temor de que a próxima administração Lula venha a adotar viés intervencionista sobre as estatais descolou a B3 do sinal positivo de Nova York nesta abertura de semana. Pesou na sessão o relato de que o ex-ministro Aloizio Mercadante, associado ao governo Dilma Rousseff (2011-2016), venha a exercer papel em Lula 3 como presidente da Petrobras ou do BNDES. Apesar das especulações de que poderá ser indicado para a Petrobras, Mercadante está motivado para comandar o BNDES, segundo apurou o Estadão.

No começo da tarde, ao chegar para a cerimônia de diplomação do presidente e do vice eleitos, Mercadante, que coordena os grupos técnicos da transição, disse desconhecer qualquer discussão na equipe sobre a possibilidade de alterar a Lei das Estatais. Ainda assim, com a possibilidade de um papel mais ativo do próximo governo sobre empresas públicas, bem como sobre instituições de fomento e crédito, Petrobras puxou a fila negativa em boa parte do dia entre as ações de maior liquidez, com a PN em baixa de 3,24% e a ON, de 2,71% no fechamento, após terem mostrado perdas superiores a 4% ou mesmo 5% durante a sessão. Nesta segunda-feira, destaque também para a reação de Banco do Brasil (ON), aplainada a -3,40% no fechamento, após ceder mais de 4% nos piores momentos da sessão.

"O mercado segue em compasso de expectativa, com bastante desinformação, o que alimenta incerteza especialmente sobre as estatais e as empresas mais dependentes da economia doméstica. Os juros futuros abriram com toda essa incerteza (durante o dia), o que afeta em particular as empresas mais dependentes de capital, seja para financiar a produção, seja para giro. Tal encarecimento dificulta o caminhar dessas companhias", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. "Há muito diz que diz, trazendo volatilidade e expectativa ruim aos mercados."

Na ponta negativa, destaque nesta segunda-feira para Méliuz (-7,14%), CSN Mineração (-5,65%), Pão de Açúcar (-4,79%) e Cogna (-4,76%). No lado oposto, Gol (+4,67%), PetroRio (+2,94%), Minerva (+2,51%) e Cielo (+2,07%). As empresas de mineração e siderurgia fecharam o dia em baixa, com destaque, além de CSN Mineração, para Vale (ON -2,99%) e CSN (ON -3,04%), com recuo de 0,80% para o minério em Dalian, China. Assim, o dia foi negativo tanto para o índice de materiais básicos (IMAT -1,50%), apesar da alta superior a 2% para o petróleo na sessão, como também para as ações ligadas à economia interna, entre as quais as de consumo (ICON -2,10%).

"Em dia de agenda vazia, o mercado segue precificando risco fiscal que estressa a curva de juros, favorecendo a alta no dólar e penalizando os ativos de risco", aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. Nesta segunda-feira, a moeda americana fechou em alta de 1,26%, a R$ 5,3116, no segmento à vista.

No exterior, a agenda da semana reserva decisões de política monetária com efeito sobre dólar (Federal Reserve), euro (Banco Central Europeu) e libra (Banco da Inglaterra). Na véspera da decisão do Fed, haverá nova leitura sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, amanhã.

Para a decisão de quarta-feira do BC americano, "uma alta de 0,5 p.p. parece bem consolidada, visto que Powell (presidente do Fed, Jerome Powell) já praticamente antecipou a decisão, mas o comunicado ainda pode pesar", aponta em nota a Guide Investimentos, que considera haver dúvida maior para a deliberação do BCE, na quinta, entre moderação da alta dos juros ou manutenção do ajuste de 0,75 p.p., "que parece ser o cenário", acrescenta a casa.

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