Uma série de fatores empurra o Ibovespa para o campo negativo nesta terça-feira, provocando perdas quase generalizadas na carteira (apenas Hypera e Weg subiam, às 11h35). No entanto, a leve alta das bolsas em Nova York ajudava o índice Bovespa a retomar os 116 mil pontos. Às 11h36, cedia 1,26%, aos 117.361,51 pontos, mais perto da mínima intraday, aos 116.756,08, que da máxima, aos 118.852,97 pontos.
Para Alex Lima, gerente de portfólio da Lifetime Asset Management, o principal vetor é a preocupação do mercado com a adoção de medidas restritivas em algumas partes do mundo para conter o coronavírus. "Houve reação a isso do exterior e a Bolsa brasileira ficou um pouco atrasada. O mercado está acordando", explica. Ontem, quando o Ibovespa caiu 0,14%, em Nova York as baixas ficaram perto de 1,5%, na maioria. "Se um país grande como a França fechar, outros também irão na mesma linha, diante desse temor com a nova variante de transmissão tida como mais alta do vírus. Começa-se a incorporar um cenário de restrição global", estima.
Temores relacionados ao quadro fiscal no Brasil e nos Estados Unidos também ajudam a empurrar o Ibovespa para baixo. Nos EUA, cita o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, segue a atenção do investidor na eleição na Geórgia, que definirá a composição do Senado americano. "Se tiver vitória da onda azul democratas, isso seria bom pois facilitaria a aprovação de pacotes de estímulos, mas seria uma preocupação a mais com o déficit fiscal. Tem de ver como dosariam isso", diz.
"Se isso acontecer, o rombo fiscal só aumentará, e o Fed já vem elevando o seu balanço estímulos. Tudo bem que os EUA têm uma moeda forte, mas até quando o país conseguiria se endividar nessa velocidade?", questiona Bruno Takeo, gestor da Ouro Preto Investimentos.
Já em relação ao Brasil, o economista afirma que o apoio da oposição ao candidato Baleia Rossi, na disputa pela presidência da Câmara, é uma medida que indica ser contra o presidente Jair Bolsonaro. "É uma oposição ao Bolsonaro, e pode dificultar mais a aprovação das pautas, de propostas", diz, completando ainda que, como a Bolsa brasileira subiu muito recentemente, o investidor que precisa vender, aproveita esse momento.
"Houve uma puxada forte em novembro e em dezembro. Deve ser algum ajuste", lembra um operador. "Mas também o dólar que está subindo bem, e influenciando os juros, e consequentemente, a Bolsa. O setor financeiro está puxando a queda", afirma o operador, ao citar a espera de investidores pela decisão da eleição na Geórgia para o Senado dos EUA.
Nem mesmo o anúncio, pelo governo inglês, de um pacote fiscal de 4,6 bilhões de libras esterlinas para atenuar o impacto econômico do novo lockdown no país alivia.
"O pacote do Reino Unido não trouxe muito refresco, em meio a anúncios de mais lockdown em várias regiões do mundo. Por mais que as medidas possam durar cerca de um mês, terão impactos na economia", avalia Takeo.