O Ibovespa recuperou e manteve a linha dos 107 mil pontos no fechamento desta quinta-feira, encadeando o segundo dia de retomada parcial após a pressão vista na abertura do ano, especialmente sobre as ações de Petrobras, que encerraram o dia em alta de 3,24% (ON) e 3,60% (PN). Nesta quinta, na máxima da sessão aos 107.743,23 pontos, o índice da B3 mostrava alta de 2,29%, saindo de mínima aos 105.333,08 pontos, quase igual ao ponto de partida da sessão (105.336,15). No fechamento, o Ibovespa subia 2,19%, aos 107.641,32 pontos, com giro a R$ 27,9 bilhões.
Além do bom desempenho de Petrobras, destaque também para outras ações de grande liquidez e peso no índice, como Vale (ON +1,68%) e as de bancos (Bradesco PN +4,34%, BB ON +4,57%), assim como para as siderúrgicas (CSN ON +6,62%, Gerdau PN +2,45%). O dia foi negativo em Nova York, com perdas que chegaram a 1,47% no encerramento da sessão (Nasdaq), mas os três índices de lá, embora também no vermelho, mantêm performance melhor do que a do Ibovespa neste começo de 2023.
Na semana, o índice da B3 ainda acumula perda de 1,91%, após a correção vista na segunda e terça-feira. Em dólar, o Ibovespa encerrou o ano passado, no dia 29, aos 20.783,06. Em retração nas duas primeiras sessões de 2023, foi aos 19.105,61 pontos, com o dólar à vista atingindo no encerramento do dia 3, o maior nível desde julho, na casa de R$ 5,45. Em 2021, o Ibovespa, na moeda americana, havia encerrado o ano a 18.799,19 pontos, comparado a 22.937,77 pontos no fechamento de 2020, quando a referência da B3 marcava um nominal de 119.017,24 e o dólar à vista estava em R$ 5,1887. Em 2021, o dólar à vista fechou a R$ 5,5759.
Nesta quinta, após a pressão vista na segunda e terça-feira, o dólar encerrou o dia em baixa de 1,85%, a R$ 5,3518, no segmento à vista, renovando mínimas da sessão com os DIs longos enquanto o Ibovespa buscava máximas, no meio da tarde. Assim, em dólar, o Ibovespa foi aos 20.113,10 pontos no encerramento desta quinta-feira.
Como na quarta-feira, a melhora da percepção do mercado sobre o começo do novo governo trouxe algum alívio para os ativos brasileiros. "Depois de dois dias muito pesados, veio respiro (desde ontem), com noticiário mais ameno. Mercado segue a tônica de aguardar para ver medidas mais práticas, do ponto de vista fiscal também, e então fazer as contas", diz Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos.
"Claramente, a atual equipe econômica é mais política do que a comandada por Guedes (Paulo Guedes, ex-ministro da Economia)", observa em nota Thomas Haugaard, gerente de portfólio para dívida de emergentes na Janus Henderson. "De forma mais ampla, o retorno a um modelo de desenvolvimento econômico liderado pelo Estado também é uma das nossas principais preocupações no longo prazo, pois isso pode levar o Brasil de volta a um crescimento abaixo da média, o que tornará a situação fiscal ainda mais difícil de administrar."
Nesta quinta, contudo, prevaleceu o viés de esperar um pouco mais para conferir, o que sustentou o apetite por ativos do País, apesar do volume de negócios ainda um pouco moderado na B3. Na ponta do Ibovespa, destaque nesta quinta-feira para Americanas (+11,00%), Azul (+9,38%) e Locaweb (+9,18%), com Raízen (-2,71%), São Martinho (-2,14%) e Qualicorp (-1,82%) no lado oposto.
"Apesar de um início de ano conturbado para a bolsa brasileira, marcado por ruídos políticos, o Ibovespa voltou a operar acima dos 107 mil pontos, depois de o ministro da Casa Civil (Rui Costa) negar que o novo governo deve rever a reforma da Previdência de 2019", diz Vanessa Naissinger, especialista da Rico Investimentos. "Declarações menos intervencionistas do indicado à presidência da Petrobras, Jean Paul Prates, e a notícia de convocação de reunião ministerial na sexta-feira para afinar o discurso do governo também ajudaram a aliviar os ânimos do mercado."
Assim, "o <i> valuation </i> atrativo, o petróleo em alta e algum alívio na curva de juros favoreceram a tomada de risco, com o Ibovespa em forte alta desde o início do pregão, puxado principalmente pelos papéis da Petrobras, dos bancos e Vale", aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. Ele destaca dois catalisadores de peso nesta sexta-feira (6): a divulgação de índices de inflação na Europa e de dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, que devem "trazer volatilidade e dar a direção dos mercados para o fechamento da semana".