Apesar da perda de força a partir do meio da tarde, com a Petrobras (ON -0,10%, PN -0,07% no fechamento) passando então a operar sem sinal único mesmo com avanço acima de 1% para a commodity, o Ibovespa obteve nesta quinta-feira a primeira alta do ano, interrompendo série de três perdas que o fizeram retroceder 3,8 mil pontos entre segunda e quarta-feira ante o fechamento de 2021. Os descontos avolumam-se neste começo de 2022 na B3, com o dólar à vista tendo fechado a quarta na casa de R$ 5,71 e chegado na máxima desta quinta a R$ 5,7251 – no encerramento, contudo, cedeu 0,56%, a R$ 5,6800, não muito distante da mínima da sessão, de R$ 5,6720.
Assim, em dia de bom desempenho para os preços do petróleo e do minério de ferro no exterior, as barganhas disponíveis ajudaram o índice a fechar esta quinta-feira em leve recuperação, entre mínima de 100.999,85 e máxima de 102.234,71, saindo de abertura aos 101.005,80 pontos. Ao fim, com os três índices de Nova York no negativo, mostrava alta limitada a 0,55%, a 101.561,05 pontos, com giro financeiro um pouco maior do que o da quarta-feira, agora a R$ 30,7 bilhões.
Na semana, no mês e no ano, o Ibovespa cede 3,11%, com retomada de 555 pontos em relação a quarta-feira.
Além de Vale ON (+2,02%), a sessão foi favorável às ações de grandes bancos, como Itaú (PN +2,03%), Santander (Unit +1,33%) e Bradesco (PN +1,42%), as quais chegaram a devolver parte da alta perto do fim, com Nova York de novo no vermelho. Na ponta do Ibovespa, BRF (+7,05%), Lojas Renner (+5,12%) e Hapvida (+3,74%). No lado oposto, Positivo (-5,31%), Via (-4,60%) e Pão de Açúcar (-3,77%).
Em dólar, o Ibovespa subiu um pouco no encerramento desta quinta, a 17.880,46, comparado a 17.682,75 pontos no da quarta, quando a moeda americana à vista teve alta de 0,39%, a R$ 5,7121 no fechamento. Uma semana atrás, no fechamento de 2021, em dólar o Ibovespa estava a 18.799,19 pontos no dia 30 de dezembro, comparado a 22.937,77 pontos no fim de 2020.
Em Nova York, a quinta-feira se mostrava mista, com Dow Jones (-0,47%) no negativo pelo segundo dia após recente renovação de recordes de fechamento, enquanto S&P 500 e Nasdaq ensaiavam leve recuperação em relação às perdas de quarta, acentuadas pela ata "hawkish" do Fed divulgada naquela tarde – ao fim da sessão desta quinta, também voltaram a ceder terreno, em baixa respectivamente de 0,10% e 0,13%. Na sexta, a atenção se volta para o relatório oficial sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos em dezembro, após a forte leitura sinalizada pelo relatório da ADP, na quarta, com o dobro de vagas geradas em relação ao que se esperava.
"A ata reverberou muito nos mercados, o que se estendeu às sessões da Europa e da Ásia, hoje. A avaliação sobre a inflação nos Estados Unidos passa de transitória para persistente, o que resultou em tom mais duro assumido pelo Fed na ata de ontem, que acabou surpreendendo e se refletindo no ajuste das expectativas sobre alta de juros por lá", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos.
Ele chama atenção também para a redução do balanço do Fed mais cedo do que se antevia, sinalizada na quarta pela ata para não muito depois da elevação da taxa de juros de referência – a qual deve vir logo, com movimento inicial projetado agora pelo mercado para março.
De acordo com a ata da quarta, "grande parte dos participantes da reunião concordaram que logo após o primeiro movimento de alta dos juros, seria adequado que o Fed iniciasse a redução do seu balanço", aponta em nota a Guide Investimentos. "Boa parte do mercado, segundo o que precifica a curva americana, passa a acreditar que o Fed anuncie a elevação dos juros em conjunto com o fim do programa de compras de ativos (QE), em março", acrescenta. Assim, observa a Guide, os yields dos Treasuries seguiram "abrindo" pela manhã, um movimento que "diminui a atratividade de ativos de risco a nível global".
"Nova York estava em máximas e, aqui, já tínhamos caído bastante, inclusive nos primeiros dias do ano, por conta dos problemas domésticos. Hoje tivemos um alívio, com ausência de notícias ruins pelo lado local contribuindo para a recuperação, descolada do exterior. Não quer dizer que vai continuar subindo, mesmo com os descontos e a Bolsa barata", diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos.