Estadão

Ibovespa perde fôlego no fim e sobe apenas 0,06%, a 105.616,88 pontos

O Ibovespa aparou a recuperação parcial vista na véspera do feriado e chegou a voltar a terreno negativo na tarde desta quarta-feira, 3, à espera da votação da PEC dos Precatórios, essencial à viabilização do Auxílio Brasil, que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tentará mais uma vez colocar em votação nesta noite.

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), disse à tarde que o governo trabalha para conseguir os votos necessários para aprovar a PEC ainda hoje, no plenário da Casa. Segundo ele, o relator, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), trabalha em mudanças no texto para ampliar a aceitação da proposta. Por outro lado, a bancada do PT, segunda maior da Câmara dos Deputados, fechou questão hoje contra a PEC dos Precatórios.

Mesmo com as incertezas políticas, que reverberam sobre a situação fiscal, o Ibovespa chegou a acompanhar a melhora de humor em Nova York logo depois do comunicado sobre a decisão de política monetária do Federal Reserve, que confirmou, conforme esperado, o início do processo de retirada de estímulos monetários, o chamado tapering . Enquanto S&P 500 e Nasdaq começavam então a renovar máximas, em leve viés positivo na sessão, o Ibovespa limitou a 0,02% a perda, mas voltou a se firmar no negativo até a entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, recebida como o ponto de inflexão do dia.

Com Powell, o Ibovespa chegou a subir 0,93%, a 106.535,53 pontos, perto da máxima do dia, de 106.754,42 pontos, vista mais cedo. Powell disse na entrevista coletiva que o foco da reunião desta semana foi o tapering , e não uma possível elevação da taxa básica de juros. Ele afirmou também que o apoio do Fed à recuperação da economia continuará, o que também ressoou bem no mercado. Segundo o BC americano, o tapering será de US$ 5 bilhões por mês, em títulos atrelados a hipotecas, e de US$ 10 bilhões em Treasuries. "Estamos preparados para ajustar a política monetária caso surjam riscos", observou também o Fed no comunicado.

"O Fed sinalizou bem o que viria hoje, e o volume de US$ 15 bilhões anunciado ficou em linha com o que era aguardado", diz Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, chamando atenção, na B3, para o desempenho negativo das ações de mineração e siderurgia, ainda refletindo receios de que os preços do minério de ferro sigam em correção negativa em razão de pressões das autoridades chinesas, e positivo para as de varejistas na sessão, com alguma melhora nos juros longos, benéfica para a demanda do setor.

Ao final, minguando nos últimos minutos, o índice de referência da B3 mostrava leve ganho de 0,06%, aos 105.616,88 pontos, saindo de mínima na sessão a 104.204,66, com abertura aos 105.547,05 pontos e giro financeiro reforçado, a R$ 41,9 bilhões no encerramento. Na semana, o Ibovespa avança 2,04%, com perdas no ano ainda a 11,26%.

O dia foi negativo para o setor de commodities, especialmente Vale ON (-7,59%, maior perda da carteira Ibovespa na sessão, à frente de Bradespar -7,54%)), e também siderurgia (Usiminas PNA -5,57%, terceira maior perda do Ibovespa; CSN ON -4,58%), ajustando-se às idas e vindas nos preços do minério de ferro nos dois últimos dias. Com o petróleo em queda entre 3% e 4%, devolvendo o Brent à casa de US$ 81 por barril, Petrobras ON e PN fecharam o dia, respectivamente, em baixa de 4,25%, na mínima do dia, e 4,11%.

Por outro lado, as ações de grandes bancos buscaram acompanhar a expectativa positiva para o balanço do Itaú Unibanco, a ser divulgado após o fechamento de hoje. Assim, Itaú PN avançou 0,95%, BB ON, 0,65% e Unit do Santander, 0,25%, enquanto Bradesco ON e PN cederam 0,29% e 0,83%, respectivamente. Na ponta positiva do Ibovespa, destaque para Lojas Americanas (+13,33%), à frente de Locaweb (+9,07%) e Grupo Soma (+8,90%).

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