Estadão

Ibovespa piora com NY e tem maior perda diária desde maio

Vindo de cinco altas seguidas – progressão que o alçou dos 117,5 mil no fechamento de 19 de julho para os 123 mil pontos no melhor momento intradia do intervalo, anteontem -, o Ibovespa realizou lucros nesta antepenúltima sessão do mês, em que acumula leve ganho de 1,61% após ter ficado lateralizado, com dificuldade para vencer a região de resistência dos 120 mil pontos, em boa parte de julho.

Hoje, o índice de referência da B3 conseguia conter as perdas e segurar a linha dos 121 mil pontos, mas a virada de Nova York, do positivo ao negativo no meio da tarde, contribuiu para que se acentuasse o movimento de correção na B3, levando o Ibovespa a retroceder primeiro à faixa dos 120 mil, e depois à de 119 mil pontos pouco antes do fechamento desta quinta-feira. A mudança de tom em NY, atingindo quase todos os setores, veio após reunião do Federal Reserve para discutir possível elevação dos níveis de exigência de capital de instituições financeiras.

Muito pressionado, o Ibovespa encerrou o dia em queda de 2,10%, aos 119.989,64 pontos, ainda perto da mínima de 119.824,52, do fim da tarde, com máxima na sessão a 122.598,97 pontos, saindo de abertura aos 122.560,38 pontos. O giro ficou em R$ 22,9 bilhões nesta quinta-feira. Na semana, o Ibovespa zera ganho e cede agora 0,19%, mas ainda avança 9,35% no ano. A queda de 2,10% foi a pior para o índice desde 2 de maio (-2,40%) e, com a correção de hoje, foi ao menor nível de fechamento desde a última quinta-feira, 20, então aos 118.082,90 pontos.

Passado o ponto alto da agenda semanal – a deliberação sobre juros e os sinais de ontem, emitidos pelo Federal Reserve, sobre a orientação da política monetária nos Estados Unidos -, os investidores se debruçaram nesta quinta-feira sobre números e o noticiário corporativos, à medida que o noticiário macro vai perdendo intensidade em direção ao fim da semana.

Dessa forma, desconectado do avanço de mais de 1% para os preços do petróleo na sessão, o desempenho negativo nesta quinta-feira foi puxado pelas ações de Petrobras, em queda de 5,63% (ON) e de 5,19% (PN) no fechamento, segurando a ponta perdedora do Ibovespa, pouco atrás de Gol (-5,83%) – apesar do balanço trimestral da companhia aérea, em que saiu de prejuízo para lucro líquido de R$ 556,3 milhões entre abril e junho. Por sua vez, na noite anterior, a Petrobras divulgou dados de produção referentes ao segundo trimestre.

Em relatório nesta quinta-feira, o Itaú BBA avalia que a estatal deve entregar fortes resultados no segundo trimestre, sustentada por sólidos números operacionais e um ambiente de preços que se mantém elevado para o petróleo e derivados. Mas um fator de preocupação e incerteza, segundo o banco, é a nova política de dividendos – a instituição manteve recomendação neutra para a empresa.

A produção da Petrobras no segundo trimestre do ano ficou em linha com a previsão do analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, que projeta leve queda para o segmento de Exploração e Produção (E&P) da estatal no resultado financeiro referente ao período, que será apresentado no próximo dia 3. Além da ligeira queda da produção de petróleo de abril a junho, o analista cita menores preços do petróleo na comparação dos trimestres e um real mais forte.

Segundo apurou a <b>Coluna do Estadão</b>, gente de peso e influente junto ao governo dá conta de que haverá mudanças "o quanto antes" na diretoria da Petrobras e que a gestão de Jean Paul Prates estaria desagradando Lula e o PT. Fontes ouvidas pelo <b>Broadcast</b> já falam na saída de Prates do comando da estatal – um ruído que contribui para ampliar incerteza sobre a estatal no momento em que a política de dividendos segue no foco de atenção do mercado.

Por outro lado, na ponta ganhadora do Ibovespa nesta quinta-feira, destaque para Assaí (+4,90%), à frente de SLC Agrícola (+3,14%) e de Magazine Luiza (+2,59%). Os investidores reagiram aos resultados trimestrais da Assaí, com lucro líquido de R$ 156 milhões entre abril e junho, uma leitura 12% acima da média das expectativas de casas ouvidas pelo Prévias Broadcast (Genial, Itaú BBA, Bradesco e XP). Na visão da XP Investimentos, o Ebitda da empresa veio 7% acima do esperado, puxado por eficiências nas despesas operacionais.

Na agenda doméstica, destaque à tarde para a divulgação dos números do Caged, sobre a geração de vagas de trabalho, com criação de postos com carteira assinada em junho abaixo das expectativas, aponta o economista Rafael Perez, da Suno Research. Ainda assim, "todos os cinco grandes grupos de atividade econômica tiveram expansão no número de contratações, principalmente os setores de serviços e a agropecuária, que corresponderam a dois terços das vagas criadas", acrescenta o economista.

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