Estadão

Ibovespa piora e quase perde 105 mil pontos, de olho em China e em juros altos

Forte contração contamina o Ibovespa, que volta a cair para o nível visto no dia 14 de janeiro deste ano (105.028,27 pontos, mínima) e já perdendo em torno de 1.500 pontos em relação à abertura (106.529,39 pontos). "Modo <i>risk-off</i> acionado. As commodities metálicas operando muito mal por conta da atividade fraca na China por conta da covid-19, e o governo chinês, até agora, só prometendo mais estímulos", afirma Joaquim Sampaio, portfólio manager e sócio da RPS Capital.

"E a pressão do Fed continua, não devendo terminar tão cedo", diz Sampaio, ao referir-se à expectativa de alta de juros nos EUA hoje e em outros encontros. Às 11h06, o Ibovespa cedia 1,42%, na mínima a 105.019,76 pontos. Em Nova York, o recuo era menos intenso, com a queda máxima a 0,93% (Nasdaq).

Investidores esperam a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), à tarde. Aqui, há expectativa principalmente em relação ao comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que informa a decisão sobre juros à noite.

"Primeiro, temos de considerar que a queda do dólar ontem foi exagerada. Outro ponto é a espera pelo Fed", diz o estrategista-chefe do grupo Laatus, Jefferson Laatus, completando: "vale lembrar que aqui há mais motivos que levam à piora do que o normal."

Laatus explica que se o Fed for mais duro, com indicações de aumentos maiores do o esperado de meio ponto agora, lá na frente, por exemplo, elevará a saída de capital externo, dado que o Brasil foi o que mais recebeu fluxo recentemente. Maio começou com saídas de investimento internacional. Os investidores estrangeiros retiraram R$ 1,577 bilhão da B3 na sessão de segunda-feira.

"Aqui sabemos que, se o Fed for na linha mais dura, o BC pode aproveitar para dar uma pausa nos juros alta. Não haverá quem queira ficar por aqui. E tem crise institucional no radar", explica Laatus.

A expectativa é que o Copom suba a Selic hoje de 11,75% para 12,75 ao ano.

Para Sampaio, da RPS Capital, um aumento de 1 ponto porcentual é certo, mas a dúvida é o que o Banco Central sinalizará em relação aos passos seguintes. "Os dados internos têm piorando e o real voltou a sofrer. O mercado já antecipou parte dessa piora. Porém, há dúvida se o BC pode elevar a Selic em meio ponto no encontro seguinte junho ou se fará uma pausa. Já o Fed deve seguir seu plano de voo de mais aumentos", estima.

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