Estadão

Ibovespa renova máxima em busca dos 115 mil pontos, no aguardo de Fed dovish

A busca por risco externa impulsionou o Ibovespa na manhã desta quarta-feira, que já saltou cerca de 1.700 pontos entre a abertura (113.156,70 pontos) e a máxima (114.869 pontos). O Índice Bovespa à vista busca atingir o nível dos 115 mil pontos, enquanto no mercado futuro já tocou os 116.160 pontos, na máxima. O indicador acompanha o avanço das bolsas norte-americanas, além do recuo dos rendimentos dos Treasuries.

"Depois de alguns dias desfavoráveis, dá um respiro", diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas. Em outubro, o Ibovespa fechou em queda de 2,94%. Contudo, pondera, os riscos ficais locais seguem no radar, diante do aumento do debate sobre mudança da meta fiscal de 2024 do Brasil.

O investidor aproveita alguns preços considerados favoráveis, antes de amanhã, quando a B3 ficará fechada por conta do feriado de Finados no Brasil.

"O quadro de volatilidade instalado principalmente a partir da sexta-feira passada após fala de Lula sobre dificuldade de o País alcançar a meta tende a prosseguir. E hoje Nova York também ajuda. Temos uma agenda forte nos Estados Unidos. Começa-se a enxergar desaceleração da atividade, o que alivia um pouco", avalia Ashikawa, economista da Principal Claritas, ao referir-se à possibilidade de o Fed parar de fato de subir juros à frente após hoje, quando espera-se manutenção.

Por isso, completa, fica a espera pelo comunicado do Fed após a decisão sobre juros e pela entrevista do presidente Jerome Powell.

Nos EUA, os rendimentos dos Treasuries cedem com força, renovando mínimas, após decisões do Tesouro do país sobre a calibragem da emissão de dívidas. O Departamento do Tesouro dos EUA ampliou a emissão de dívidas e anunciou que planeja seguir aumentando o tamanho de leilões gradualmente.

Seguindo o recuo dos rendimentos dos títulos norte-americanos, os juros futuros recuam, o que ajuda algumas ações ligadas ao consumo, em dia de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom).

Hoje, espera-se que o Copom corte a Selic de 12,75% para 12,25%. Segundo Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, com as recentes falas do presidente Lula sobre a impossibilidade de se zerar a meta fiscal, a chance de o juro básico terminal ficar em um dígito reduz. "Diria que a tendência é ir a 10%", afirma, acrescentando que o mercado ficará atento ao comunicado do Copom após a divulgação da decisão.

Sobre o debate de se alterar a meta de 2014, afirma que "todo mundo" já sabia que o Brasil teria pouca ou quase nenhuma chance de zerar a meta fical no ano que vem. "Todo mundo já sabia que o governo não zeraria a meta, a questão é o presidente desautorizar, não deixou nem o arcabouço ser colocado de pé. O investidor começa a ficar com medo por receio de desequilíbrio fiscal", afirma Costa.

Às 11h35, o Ibovespa subia 1,42%, aos 114.744,85 pontos, perto da máxima de 114.868,18 pontos, quando avançou 1,52%. Só oito ações caíam, de um total de 86.

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