O Ibovespa renovou mais uma vez o pico do ano nesta segunda-feira, 19, quando fechou em alta de 0,93%, aos 119.857,76 pontos, no maior nível desde outubro. A expectativa por um corte da taxa Selic em agosto foi a principal responsável pelo desempenho do índice, após o relatório Focus ter mostrado uma redução das expectativas do mercado para a inflação de 2023 a 2026 e a taxa básica de juros no fim deste ano e do próximo.
Embalado pelo otimismo com os ativos domésticos, o índice chegou a avançar a 119.939,00 pontos na máxima do dia (+0,99%), distante apenas 61 pontos de superar a marca dos 120 mil pontos pela primeira vez desde novembro de 2022. Na mínima, registrada pontualmente nos primeiros minutos de negócios, cedeu aos 118.557,81 pontos (-0,17%), em meio à liquidez reduzida devido ao feriado que deixou fechadas as bolsas em Nova York.
Profissionais do mercado atribuem o desempenho ao fortalecimento das apostas em uma redução da taxa Selic em agosto após a divulgação do relatório Focus. Às vésperas da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima quarta-feira, 21, o boletim mostrou queda das medianas para o IPCA de 2023 (5,42% para 5,12%), 2024 (4,04% para 4,0%), 2025 (3,88% para 3,80%) e 2026 (3,90% para 3,80%).
"A melhora das expectativas de inflação para 2024 e para o horizonte mais longo, de 2025 a 2026, deve ser percebida e bem-vinda pelo BC. Isso e a recente dinâmica favorável do IPCA e da inflação no atacado, e o fortalecimento do real, devem permitir que o BC considere uma virada na política monetária e cortes de juros já em agosto", afirmou o diretor de Pesquisa Macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório.
O Focus também registrou uma queda das estimativas intermediárias do mercado para a taxa Selic no fim de 2023 (12,5% para 12,25%) e de 2024 (10,0% para 9,5%). Os analistas do mercado ainda anteciparam de setembro para agosto a projeção do primeiro corte dos juros, quando passaram a prever uma queda de 0,25 ponto porcentual da taxa, de 13,75% para 13,5%.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, a aposta em um corte dos juros em breve e o aumento geral do otimismo com os ativos domésticos explicam a alta do Ibovespa nesta sessão. "De forma geral, temos um otimismo com a expectativa de que o BC possa sinalizar um corte de juros em agosto na quarta-feira", afirma a analista.
Assim, mesmo em meio à baixa liquidez, que levou a um giro financeiro fraco – de R$ 15,9 bilhões -, 69 das 86 ações que compõem o Ibovespa anotaram ganhos no pregão. O setor financeiro avançou 1,37% e liderou o índice, puxado por altas acima de 1% nos papéis de grandes bancos como Bradesco (+2,06% ON, +1,77% PN), Santander Unit (+1,44%) e Itaú Unibanco (+1,36%).
As altas dos papéis ordinários e preferenciais da Petrobras – de 2,63% e 2,49%, respectivamente – também deram fôlego ao Ibovespa em um dia marcado por quedas dos preços de commodities, incluindo o petróleo. A expectativa de que a companhia pague mais dividendos no segundo trimestre sustentou as altas. Já Vale ON cedeu 0,39%, em meio à baixa do minério de ferro e a incertezas sobre o desempenho da economia chinesa.
Na ponta positiva do índice, os destaques ficaram com Azul ON (+3,93%), Localiza ON (+3,90%), JBS ON (+3,86%), Cogna ON (+3,73%) e Marfrig ON (+3,46%). Em contrapartida, tiveram as maiores quedas CVC ON (-5,11%), Natura ON (-2,37%), Alpargatas PN (-2,06%), Assaí ON (-1,92%) e Hapvida ON (-1,61%).