Estadão

Ibovespa segue exterior e cai a 111 mil pontos, de olho em juro e inflação global

O Ibovespa decidiu seguir a queda externa e cede para a faixa dos 111 mil pontos, depois de ter alcançado máxima aos 112.502,18 pontos (alta de 0,54%), na esteira do comunicado do Copom. Nesse ambiente, o dólar ganha força e já sobe acima de R$ 5,31, diante da cautela externa, após sinalizações e até aumentos de juros lá fora. O Banco da Inglaterra, por exemplo, elevou o juro, enquanto o Banco Central da Inglaterra manteve a taxa, mas alertou para os riscos para cima da inflação. Somado a isso, alguns resultados de empresas de tecnologia nos EUA têm desapontado, como Netflix e Meta (Facebook).

"Num primeiro momento, reagiu ao Copom indicação de desaceleração no ritmo de alta da Selic", diz Sidney Lima, analista da Top Gain. "Em seguida, passou a olhar o exterior, com possibilidade de aumento de juros mais rápido do que o imaginado, abrindo espaço para um pouco de realização", afirma Lima, completando que ainda pode ter atratividade de estrangeiros em relação a algumas ações de empresas brasileiras. "Indicadores fundamentalistas como o PL Preço/Lucro mostram que ainda há risco-retorno interessante."

Em Nova York, o índice futuro Nasdaq cai perto de 3%, depois do lucro trimestral menor do que o esperado da Meta Platforms (controladora do Facebook), com ações da empresa chegando a despencar quase 23%. Já no Brasil o lucro da Cielo surpreendeu positivamente, mas alguns dos indicadores a que o mercado costuma prestar mais atenção – margens, conversão de captura em receita e base de usuários – voltaram a cair, jogando as ações para o negativo.

Além disso, o Ibovespa se ajusta ao comunicado do Copom, que indicou desaceleração no ritmo de alta da Selic à frente, o que chegou a animar algumas ações de varejo no começo do pregão. "Copom é a notícia dos sonhos para o setor de varejo, que ontem sofreu bem. Teoricamente tende a aumentar o consumo", resume um operador.

Além disso, como Copom veio mais dovish , quem veio para o País pensando em juros, agora tem uma previsibilidade, observa estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, ponderando que, da mesma forma que o fluxo que tem entrado na Bolsa, o chamado smart money, veio de forma rápida, também pode sair.

A tendência, diz Laatus, é que o mercado olhe um pouco mais para outras questões, como a corrida eleitoral e o cenário externo. "Copom não surpreendeu nem para o positivo nem para negativo. Mercado fica livre para olhar para outras coisas como o externo", afirma.

"Vemos uma realização de lucros lá fora, com indicadores da Europa com resultados mistos. Porém o que preocupa é a inflação medida pelo PPI índice de preços ao produtor da zona do euro e isso gera contexto de preocupação quanto às decisões sobre juros. E os balanços nos EUA de ontem decepcionaram, gerando viés negativo", resume o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, em comentário a clientes.

Ontem, o Banco Central (BC) brasileiro elevou a Selic de 9,25% para 10,75% ao ano, como amplamente esperado. Porém, mesmo reconhecendo que a inflação de 2022 deve ficar acima do teto da meta, o BC BC sinalizou uma redução do ritmo de alta de juros no próximo encontro, nos dias 15 e 16 de março.

"O que veio um pouco diferente é visão quanto aos próximos aumentos", avalia em nota Maria Cândido, sócia da HCI Invest. "A grande questão será como o BC reagirá à inflação. Ele deixou Ele deixou de sinalizar um ajuste da mesma magnitude para a próxima reunião, como mencionado em meses anteriores. Todos os investimentos ligados à alta de juros é positivo. Só que investimentos atrelados a Selic, em vez de chegar a 12%, pode chegar de 11,5%", explica, completando que o cenário na Bolsa não deve mudar tanto.

No Brasil, a Cielo fechou o quarto trimestre de 2021 com lucro líquido de R$ 336,9 milhões, alta de 13% em relação ao mesmo período de 2020, e de 59% na comparação com o trimestre imediatamente anterior.

Às 11h12, o Ibovespa cedia 0,22%, aos 111.644,55 pontos, ante mínima diária aos 111.262,05 pontos (-0,57%).

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