Estadão

Ibovespa segue NY e câmbio e avança pelo 2º dia, perto dos 110 mil pontos

O Ibovespa conseguiu se alinhar à tarde ao dia positivo no exterior, passando a subir enquanto as três referências de Nova York iniciavam um movimento conjunto de renovação de máximas da sessão, na qual houve avanço também para o petróleo e alguma acomodação do dólar frente ao real. O grau de recuperação da referência da B3, no entanto, foi em parte contido pelas perdas nas ações de grandes bancos, embora muito moderadas depois do meio da tarde (Itaú PN -0,82%, Bradesco PN -0,92% no fechamento), em contraponto a ganhos sólidos nas gigantes das commodities, especialmente Vale ON (+2,47%), e nas siderúrgicas (Usiminas PNA +4,07%, Gerdau PN +2,91%). Com altas entre 2% e 3% para Brent e WTI na sessão, Petrobras ON e PN subiram, respectivamente, 0,72% e 0,67%

Ao final, o Ibovespa mostrava ganho de 0,52%, a 109.918,97 pontos, entre mínima de 108.905,49 e máxima de 110.701,66, saindo de abertura aos 109.349,00 pontos. Faltando apenas a sessão da sexta-feira para o fechamento do mês, o índice cede 8,40% em abril, limitando o avanço do ano a 4,86%. Na semana, a perda é de 1,04%. Ao longo da tarde, além de acompanhar os movimentos em Nova York, com altas que chegaram a 3,06% no fechamento (Nasdaq), a melhora do Ibovespa se correlacionou também à acomodação do dólar, a R$ 4,9399 no encerramento, em baixa de 0,55%, após ter chegado a R$ 5,0451 no pico da sessão.

Assim, em alta pelo segundo dia após uma sequência de sete perdas – a mais longa desde maio de 2016 -, o Ibovespa trazia na ponta do índice as ações de Embraer (+6,53%), Cielo (+4,94%) e Banco Inter (+4,28%), com Soma (-2,36%), Marfrig (-2,27%) e Assaí (também -2,27%) na face oposta. O giro foi de R$ 31,7 bilhões nesta quinta.

"O Ibovespa estava em 121 mil pontos no início de abril e termina aos 110 mil, um ajuste que não é qualquer coisa. Abril foi o mês da reviravolta, com o Brasil tendo se mantido como queridinho até março, o que se refletiu também no câmbio. Até semana passada, nenhuma Bolsa nem moeda tinha o desempenho que se viu aqui. No ano, a Bolsa chegou a subir 35% em dólar, em razão também da apreciação do real. O mercado tinha na cabeça novo aumento de 0,25 ponto pelo Fed, na semana que vem, mas o BC americano passou a sinalizar 0,50, uma carga forte que pegou o Brasil em cheio", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, para quem o Copom, também na próxima semana, deve concretizar o aguardado aumento de 1 ponto na Selic e deixar a porta aberta para outra elevação, de até 0,5 ponto porcentual, na reunião seguinte.

Contudo, a fraca leitura sobre o PIB americano, divulgada nesta quinta-feira, talvez leve o Fed a ponderar também o efeito da alta de juros sobre o ritmo de atividade, já debilitado. A decisão da próxima semana tende a ser difícil porque, além dos sinais mais fracos sobre a economia americana, a retomada dos lockdowns em grandes centros chineses, como Xangai e Pequim, recolocou sobre a mesa os efeitos de quebras de oferta de insumos e gargalos logísticos, que suscitaram pressão sobre os preços de componentes industriais desde o começo da pandemia, em 2020. "A produção industrial chinesa hoje é o dobro da americana", observa Gala.

"O dado (sobre PIB) veio muito abaixo das expectativas e afeta, sim, a perspectiva de juros nos Estados Unidos", diz Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos. "Há um sinal amarelo, de atenção realmente, para uma situação que era de sinal vermelho, com certa expectativa então até para uma rasgada de juros, com Jerome Powell talvez vindo a incorporar o espírito de Paul Volcker presidente do Fed durante o segundo choque de petróleo, em 1979, que resultou em escalada de juros", acrescenta Giuberti. "A curto prazo, o mercado não comprou essa narrativa – estamos no meio da temporada de resultados -, preferindo esperar um pouco para reprecificar, aguardando também a comunicação (do Fed) na semana que vem. Mas (o PIB) alivia um pouco: um dado ruim que, para os ativos financeiros, foi muito bom."

Por outro lado, pela manhã, "a contração do PIB americano, de 1,4% no primeiro trimestre, frente a consenso de que haveria alta de 1,1%, teve impacto aqui no DI, precificando risco de recessão ou de economia global ao menos em forte desaceleração, refletindo-se também em baixa (em parte do dia) para a Bolsa", diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.

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