Em dia de divulgação do PIB praticamente em linha com o esperado, confirmando que a economia brasileira desacelerou de ritmo no terceiro trimestre, com leve avanço de 0,1% na margem, o Ibovespa também mostrou variação contida na sessão, de pouco menos de mil pontos entre a mínima (126.491,48) e a máxima (127.488,56) do dia.
No fechamento, o índice da B3 mostrava alta de 0,08%, a 126.903,25 pontos, com giro financeiro a R$ 23,4 bilhões, após ter cedido 1,08% na sessão anterior, quando registrou sua maior perda diária desde 27 de outubro. Na semana, o Ibovespa cai 1,00% e, nas três primeiras sessões de dezembro, cede 0,34%. No ano, sobe 15,65%.
Como ontem, o dia foi negativo para commodities, ainda que em grau mais moderado, com Vale ON, a ação de maior peso individual no Ibovespa, em baixa de 0,92%, vindo de perda de 2,25% na abertura da semana. Petrobras ON e PN, por sua vez, caíram 0,74% e 0,46% nesta terça-feira. Após desempenho misto ontem, as ações de grandes bancos se alinharam em alta na sessão, em contraponto ao desempenho ainda negativo das ações de commodities – destaque para Bradesco PN (+0,93%) e Itaú (PN +0,82%).
Na ponta ganhadora do Ibovespa, Pão de Açúcar (+12,32%), CVC (+7,81%) e Magazine Luiza (+7,00%), com Raízen (-5,46%), Vibra (-5,26%) e BRF (-4,10%) na fila oposta.
Desde a manhã, o mau desempenho do setor de commodities limitou o potencial de alta do Ibovespa na sessão, com os participantes do mercado reavaliando o cenário de demanda para matérias-primas, em meio à persistência de sinais de desaceleração econômica global, especialmente na China.
"O PMI de serviços da China, divulgado na noite de ontem, mostrou avanço, para 51,5, no maior nível dos últimos três meses, mas isso não foi o suficiente para animar os mercados e, em particular, as ações de commodities. Tanto o petróleo como o minério de ferro cederam terreno, hoje", observa a analista Gabriela Sporch, da Toro Investimentos, destacando também o rebaixamento da perspectiva da nota de crédito da China pela agência Moody s, de estável para negativa.
Principal ponto da agenda doméstica desta terça-feira, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, na comparação anual, mostrou expansão de 2,0% no terceiro trimestre, o que resulta em carrego estatístico de 3,0% para o ano de 2023 e de 0,3% para 2024, aponta o economista Rafael Perez, da Suno Research.
"Apesar dessa leve alta, começa a ficar mais evidente desaceleração da economia brasileira, diante da dissipação do forte crescimento do agro", diz. O desempenho da economia continua a ser afetado também pelos "efeitos cumulativos dos juros elevados, do alto endividamento das famílias, do cenário externo turbulento e da base de comparação elevada do primeiro semestre", acrescenta.
Ainda assim, ressalva o economista, os dados do terceiro trimestre mostram também ritmo de atividade resiliente em alguns setores, "principalmente quando olhamos para os serviços, o consumo das famílias, a indústria e as exportações".
"O setor de serviços, que corresponde a cerca de 70% do PIB e gera a maior parte dos empregos, cresceu 0,6% e foi uma surpresa positiva, mostrando força", diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. "Pelo lado da demanda, o consumo das famílias veio ainda forte, mas os investimentos chamaram atenção, pela fraqueza – em relação bem clara com os juros elevados e a contração do crédito, o que enfraquece a dinâmica dos investimentos", acrescenta Rachel, destacando também o endividamento das famílias.