O Ibovespa testou os 120 mil pontos e encerrou o dia sem retomar a marca em fechamento, em alta de 0,41%, aos 119.630,44 pontos. Hoje, foi de 118.872,22 a 120.108,98, saindo de abertura a 119.138,37 pontos, com giro a R$ 18,5 bilhões na sessão. Na semana, o índice ainda cede 0,03%, com perda de 2,02% no mês e de 10,85% no ano, permanecendo na casa dos 119 mil pontos nas últimas cinco sessões.
A recuperação parcial nesta terça-feira foi amparada pelas ações de commodities, em especial Petrobras (ON +3,36%, na máxima do dia no fechamento; PN +3,13%), ao encerrar impasse com a União: a estatal fez acordo de R$ 20 bilhões com o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para o pagamento de litígios junto à Receita Federal, em iniciativa bem recebida pelo mercado.
Outro destaque do dia foi CSN – na ponta do Ibovespa, com ganho de 9,07% no fechamento – após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ter aceitado recurso da empresa em disputa bilionária com o grupo Ternium. Além de CSN e Petrobras, destaque também nesta terça-feira para BRF (+5,50%), CSN Mineração (+3,91%) e JBS (+3,84%). No lado oposto, Azul (-6,11%), CVC (-5,45%), Sabesp (-2,97%), PetroReconcavo (-2,76%) e Petz (-2,64%).
"No dia que antecede o Copom, o Ibovespa subiu, puxado hoje também por Vale (ON +0,46%), além de Petrobras e CSN, com avanço tanto para as cotações do petróleo como para as do minério", diz André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos. "Do lado negativo, tivemos as empresas mais sensíveis à taxa de juros, em dia no qual o presidente Lula retomou críticas ao nível atual da Selic, ainda que tenha se mostrado aberto a rediscutir o Orçamento e dito que nada está descartado com relação ao ajuste fiscal", acrescenta.
Embora a recuperação na B3 tenha perdido força do meio para o fim da tarde, o Ibovespa conseguiu trabalhar à frente dos índices de Nova York, com o S&P 500 e o Nasdaq estendendo sequência de renovações de máximas históricas de fechamento.
Com os descontos que se acumularam na carteira Ibovespa desde meados de maio – a partir do dia 16 daquele mês, o de hoje foi apenas o sexto ganho para o índice em intervalo de 23 sessões, incluindo a leve alta de 0,08% da última sexta-feira -, as compras se impuseram um pouco às vendas de ações nesta terça-feira, véspera de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a Selic. O consenso do mercado é de que a taxa de juros será mantida em 10,50% ao ano – a dúvida é se a decisão será unânime ou dividida, como na reunião anterior.
Os sinais do Copom no comunicado de amanhã serão auscultados com especial interesse, tendo em vista a deterioração da percepção do mercado sobre a situação fiscal doméstica desde a reunião anterior – e com a retomada da carga do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que não estaria atuando com neutralidade ou "autonomia", na expressão usada por Lula em entrevista à rádio CBN nesta terça-feira. Lula disse também que o perfil do próximo presidente do BC será o de alguém com foco no crescimento do País, e que não se curve a "pressões do mercado".
Dessa forma, os investidores estarão muito atentos às entrelinhas do comunicado sobre a decisão de juros, na noite desta quarta-feira, na medida em que o substituto de Campos Neto em 2025 pode sair da atual composição do Copom, dentre os indicados pelo presidente Lula. "No Brasil, os últimos dados da inflação não foram positivos. Somando-se isso à aceleração e desancoragem das expectativas de inflação, às dúvidas em relação à política fiscal e às incertezas no cenário externo, é provável que o Copom adote postura cautelosa nesta reunião", aponta Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, casa que projeta Selic terminal a 10,50% em 2024 – ou seja, sem cortes daqui ao fim do ano.