O Ibovespa mudou de sinal ainda no começo da tarde e conseguiu conservá-lo em direção ao fechamento, em leve recuperação pelo segundo dia. Nesta segunda, 15, sem a referência de Nova York no feriado de Martin Luther King, o índice da B3 subiu 0,41%, aos 131.520,91 pontos, entre mínima de 130.252,73 e máxima de 131.606,14 na sessão, em que saiu de abertura aos 130.988,17 pontos. Assim, fechou a primeira quinzena do ano em retração de 1,99%. Muito enfraquecido pelo feriado nos Estados Unidos, o giro desta abertura de semana recuou para R$ 12,3 bilhões.
Mesmo com o alerta emitido pelos EUA a empresas de transporte, no sentido de que ainda há "alto grau de risco para embarcações comerciais" no Mar Vermelho, próximo ao Iêmen, o dia foi de leve ajuste negativo para os preços do petróleo, no Brent como no WTI. Contudo, Petrobras avançou nesta segunda-feira, com a ON em alta de 1,01%, na máxima do dia no fechamento, e a PN, de 1,07%. Os grandes bancos, por sua vez, fecharam na maioria em alta, tendo Banco do Brasil (ON +1,96%) à frente, também no pico do dia no encerramento assim como Bradesco ON (+0,35%).
Ainda que em ajuste suavizado no encerramento, a sessão foi negativa para outro peso-pesado do índice, Vale (ON -0,20%), e também em parte da siderurgia, com nova queda aguda na cotação do minério na China, hoje de 3,17% para o contrato mais negociado em Dalian.
"A expectativa era de que o BC da China trouxesse estímulos, na decisão de política monetária, mas optou por manter as taxas de juros, o que teve efeito para os preços de commodities, especialmente o minério de ferro", diz Gabriela Sporch, analista da Toro Investimentos, ao comentar a decisão do PBoC no fim de semana. Ela observa ainda que a semana reserva novas leituras importantes sobre a economia chinesa, com dados como os do PIB, no fim da noite de terça-feira, 16 (no Brasil), assim como os de produção industrial e vendas do varejo.
O ajuste negativo do petróleo, ainda que leve, refletiu por sua vez a perspectiva enfraquecida para a demanda global – um viés que se sobrepôs, hoje, aos temores geopolíticos no Oriente Médio, que vinham prevalecendo nas últimas sessões e dando suporte aos preços da commodity. Em meio à crescente tensão na região, forças militares dos EUA abateram ontem um míssil disparado por militantes houthis do Iêmen, que tinha como alvo um navio militar americano que navegava no Mar Vermelho.
Na ponta ganhadora do Ibovespa nesta segunda-feira, destaque para Pão de Açúcar (+22,55%), bem à frente de Assaí (+3,16%) e Equatorial (+2,21%). No lado oposto, Gol (-6,05%), CSN Mineração (-3,21%) e Arezzo (-3,08%).
"As ações da Gol foram pressionadas na sessão pelos rumores de que a empresa vai pedir recuperação judicial nos Estados Unidos. Por outro lado, Pão de Açúcar teve forte alta, com o mercado avaliando a possibilidade de aumento de capital, que já foi autorizado", diz André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos. "Os holofotes, em Brasília, seguem voltados para a negociação entre governo e Congresso sobre a reoneração da folha, com efeito para as contas públicas", acrescenta.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje que levaria à reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a estimativa de renúncia que envolve a desoneração da folha de pagamentos, prorrogada pelo Congresso Nacional até 2027. "Pedi para Receita reestimar impactos de projetos aprovados e que não estão no Orçamento", disse.