Estadão

Ibovespa sobe 0,59%, a 103 mil pontos, mas cede 3,10% na semana

Vindo de quatro perdas diárias seguidas, o Ibovespa conseguiu fechar a sexta-feira, 19, em alta, mas não o bastante para evitar recuo de 3,10% na semana, tendo acumulado ganhos de 1,44% e de 1,28%, respectivamente, nas duas anteriores. Hoje, oscilou entre mínima de 102.143,17 e máxima de 103.975,25 pontos, encerrando a sessão em alta limitada a 0,59%, aos 103.035,02 pontos, com giro a R$ 31,9 bilhões nesta sexta-feira de vencimento de opções sobre ações. No mês, a referência da B3 ainda mostra baixa de 0,45%, com recuo a 13,43% no ano.

Após a retração ao longo de 2021 ter batido ontem em quase 14% no fechamento, a busca por descontos chegou a prevalecer hoje na B3, sem muitos catalisadores, com agenda tranquila e percepção um pouco mais favorável sobre o caminho da PEC dos Precatórios no Senado, enquanto, em Nova York, Nasdaq voltou a renovar máxima histórica de fechamento, pelo segundo dia, em sessão negativa para o Dow Jones e o S&P 500 – que ontem também havia renovado recorde no encerramento.

"Não fosse por Petrobras (ON -1,38%, PN -1,66%), em dia bem negativo para os preços do petróleo, o Ibovespa, em avanço mais forte pela manhã e arrefecendo à tarde, poderia ter mostrado alta maior, com a boa recuperação vista em mineração e siderurgia (Vale ON +2,73%, CSN ON +7,98%), ante o ganho de 5% no minério (na China) nesta sexta-feira. Com tanta incerteza, é difícil para o investidor passar o fim de semana comprado", observa Danilo Batara, sócio-fundador e head da mesa de operações da Delta Flow Investimentos, escritório ligado ao BTG Pactual.

"O Ibovespa veio de uma semana anterior muito boa, recuperando os 107 mil pontos, que era a linha que delimitava o teto de baixa. Há muita discussão sobre a PEC dos Precatórios, inclusive a possibilidade de fatiamento da proposta no Senado, sem maioria para que se vote o texto conforme aprovado na Câmara. O tempo é cada vez mais curto pra decidir e evitar retomada do auxílio emergencial", diz Batara.

Assim, na B3, apesar do ajuste pontual baseado em preço nesta última sessão da semana, a preocupação sobre a trajetória fiscal e o rumo de Brasília, em direção a mais gasto público em ano eleitoral, continua no radar do mercado. Nesta semana, a perda da linha dos 103 mil pontos abriu caminho para o índice buscar os 100 mil, ou mesmo além, ante a deterioração da perspectiva econômica, movida por juros e inflação em alta, assim como por revisões constantes nas projeções de PIB para 2022, para baixo, uma combinação temida como "estagflação", e não apenas no Brasil.

Em palestra nesta sexta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse haver exagero na percepção sobre a situação fiscal doméstica e na recorrência do uso do termo "estagflação" no mundo, embora tenha reconhecido que o País mostra enorme dificuldade para reduzir gastos. "O resultado primário em 2022 ainda será bastante bom", disse Campos Neto, em participação no evento Meeting News, organizado pelo Grupo Parlatório. "No mercado, se pagou um preço muito caro por um desvio (fiscal) que não foi tão grande", disse também o presidente do BC.

Para o analista gráfico Igor Graminhani, da Genial Investimentos, o Ibovespa segue em "tendência de baixa forte no curto e no médio prazo e em formação de canal de baixa desde meados de julho deste ano". Segundo ele, se o índice perder o suporte imediato em 102.030 pontos – o fundo de novembro do ano passado – pode corrigir até o patamar de 93.410 pontos, "suporte muito forte deixado no final dos meses de setembro e outubro do ano passado".

"A semana foi de alta volatilidade nas bolsas, e não apenas no Brasil. Aqui, em especial, muito ainda se discute sobre a PEC dos Precatórios e, com revisões pra cima na inflação e pra baixo no PIB, os ânimos ficam ainda mais exaltados para a próxima reunião do Copom, em que, esperamos, deve vir um aperto monetário mais forte pelo BC", diz Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.

Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, além de CSN (+7,98%), de Telefônica Brasil (+6,81%) e TIM (+5,15%), com as ações de telecom reagindo bem à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre redução de alíquota de ICMS do setor em Santa Catarina, destaque também para Grupo Soma (+4,95%), Banco Inter (Unit +4,78%) e Cyrela (+4,06%). No lado oposto do índice, realização de lucros em Méliuz (-3,17%) após dois dias na ponta de ganhos do Ibovespa, hoje logo atrás de Locaweb (-4,26%) e de SulAmérica (-3,40%) na sessão.

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