Estadão

Ibovespa sobe 0,71%, aos 119,2 mil pontos, em alta pela 5ª sessão seguida

Divulgada pela manhã, a ata relativamente benigna do Copom, que contribui para o mercado precificar mais dois cortes de meio ponto porcentual na Selic nas próximas reuniões, em dezembro e janeiro, formou boa combinação com o recuo dos rendimentos dos Treasuries e dos preços do petróleo nesta terça-feira, contribuindo para o quinto avanço consecutivo do Ibovespa, aos 119.268,06 pontos, alta de 0,71% na sessão. Assim, atingiu o maior nível de fechamento desde 14 de setembro, então aos 119.391,55 pontos.

Hoje, o índice oscilou dos 118.026,33 aos 119.576,62 (+0,97%), saindo de abertura aos 118.422,18 pontos. O giro financeiro subiu a R$ 28,4 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa acumula ganho de 0,94% e, no mês, avança 5,41%, recolocando a alta do ano a 8,69%.

No fim da tarde, a aprovação por ampla margem (20 votos a seis) do relatório da reforma tributária na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado ajudou a fortalecer a confiança dos investidores, levando o Ibovespa um pouco mais adiante, nas máximas da sessão. Também foi benéfica a aprovação de relatório preliminar sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) com a manutenção da meta de déficit zero para 2024, na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso.

Na B3, o bom desempenho das ações de bancos, no dia seguinte à divulgação do balanço trimestral do Itaú (PN +2,80%), foi o contraponto à correção em Vale (ON -1,99%) – terceira maior perda entre os componentes do Ibovespa na sessão, com a moderada retração de preço do minério na China. Petrobras (ON -2,21%, PN -1,66%) também figurou entre as maiores quedas desta terça-feira. Prio (-2,48%) e BRF (-1,56%) completaram a lista das principais perdas do dia.

A terça-feira foi de correção para os preços do petróleo em Londres e Nova York, em baixa acima de 4%, o que o levou a ser negociado nas mínimas desde julho, com o fortalecimento do dólar e em meio a sinais de arrefecimento da demanda chinesa pela commodity. O forte ajuste nas cotações do insumo contribui para amenizar os receios em torno da trajetória da inflação global, com efeito benéfico para os rendimentos dos títulos do Tesouro americano, cujo avanço tem sido um fator de preocupação. Em novo sinal de alerta sobre a maior economia asiática, a China reportou queda de 6,4% nas exportações, na base anual – leitura bem pior do que o mercado esperava.

"Usufruímos hoje de movimento semelhante ao da última sexta-feira, quando o mercado digeria relatório sobre emprego mais fraco nos Estados Unidos, ao fim de uma semana de decisões sobre juros lá como aqui. E esses dados da sexta-feira tiraram pressão da curva de juros americana, com efeito também para as curvas ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Houve adição de prêmios de agosto a outubro, afetando os ativos fora dos Estados Unidos, um período em que se viu apreciação do dólar e depreciação desses ativos. Neste começo de novembro, parece estar havendo certa reversão desse movimento", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Nesse contexto de busca por ativos depreciados, na ponta do Ibovespa nesta terça-feira destaque para as ações das varejistas Magazine Luiza (+23,78%) e Casas Bahia (+11,76%), à frente de Hapvida (+8,54%) e Soma (+7,58%). Destaque também, entre os bancos, para Bradesco (ON +2,06%, PN +2,64%) e Santander (Unit +2,77%, na máxima do dia no fechamento).

O desempenho de grandes nomes do setor financeiro foi beneficiado, na sessão, pelos números trimestrais do Itaú, divulgados na noite anterior. O banco trouxe "resultados sólidos, com destaque para a qualidade da carteira de crédito, cuja inadimplência está abaixo do mercado, e para números fortes de margem financeira com clientes", aponta a analista Júlia Aquino, da Rico Investimentos, acrescentando que Itaú tem o terceiro maior peso no Ibovespa, atrás apenas de Vale e Petrobras.

Pela manhã, "a ata do Copom, referente à reunião que trouxe a Selic para 12,25% ao ano, sacramentou praticamente outro corte de meio ponto para dezembro, que colocará a taxa de juros a 11,75% no fechamento do ano. O ritmo de corte é considerado ainda apropriado, mas houve mensagem sobre o fiscal, após as falas recentes do ministro Haddad e do presidente Lula", diz Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos, referindo-se a sinais do governo no sentido de possível flexibilização do compromisso de déficit primário zero para 2024.

"O Copom considera importante que o governo busque a execução das metas fiscais já estabelecidas, de forma a manter a ancoragem das expectativas de inflação para o ano que vem – as quais vêm aumentando nas últimas leituras do Focus por conta das incertezas sobre o fiscal", acrescenta o economista.

"O conteúdo da ata deu grande peso ao ambiente de incerteza, com destaque para o cenário global, o que demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. Além da sinalização de manutenção do ritmo de queda de 50 bps nas próximas reuniões caso se confirme o cenário esperado, fica claro que saiu do radar do Copom, pelo menos nesse momento, a possibilidade de aceleração do ritmo", observa em nota Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos.

No exterior, a realização vista especialmente nos títulos de 10 anos do Tesouro americano contribuiu para o moderado apetite por ações em Nova York, onde o destaque do dia ficou com o Nasdaq (+0,90% no fechamento), mais exposto à perspectiva de curto prazo para a taxa de juros de referência nos Estados Unidos.

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