Estadão

Ibovespa sobe 0,77%, aos 117,1 mil pontos, em alta pelo 4º dia

Descolado da tarde negativa em Nova York, o Ibovespa se reaproximou nesta quinta-feira e retomou no fechamento o nível de 117 mil pontos, visto no começo do mês e que corresponde aos melhores patamares para a referência da B3 desde abril. Nesta quinta, o índice emendou o quarto ganho seguido, em alta de 0,77%, aos 117.171,11 pontos, colocando o avanço da semana até aqui em 4,55% e o do mês a 6,48% – no ano, sobe agora 11,78%. Na sessão, oscilou entre mínima de 116.276,16, da abertura, e máxima de 117.366,58 pontos, com giro a R$ 36,9 bilhões, na véspera de vencimento de opções sobre ações.

Na máxima, o Ibovespa foi ao maior nível intradia desde a sessão de 7 de outubro, então a 117.960,40 pontos, e no fechamento desta quinta-feira marcou a melhor leitura desde o último dia 6 (117.560,83 pontos), em que havia registrado o maior patamar de encerramento desde 8 de abril (118.322,26).

"O Ibovespa se descolou aqui, muito em cima das pesquisas de intenção de voto, que nos levantamentos mais recentes têm mostrado redução da distância entre Lula e Bolsonaro. São dois presidentes já bastante conhecidos do mercado, e serão bem recebidos, mas a resposta a uma eventual vitória do atual presidente pode ser mais perceptível no câmbio e na Bolsa, especialmente nas ações de estatais, onde ainda se sente um risco maior de ingerência no caso de vitória da oposição, pelo histórico", diz Rodrigo Jolig, CIO da Alphatree Capital.

"Do lado externo, o cenário ainda é de cautela, com o prosseguimento de questões já conhecidas, como a elevação dos juros, a inflação e também a crise de energia, especialmente na Europa. Muita pressão ainda, no momento, sobre os rendimentos dos Treasuries, que têm rompido níveis técnicos", acrescenta Jolig.

"Nos Estados Unidos, mesmo com resultados corporativos mais fortes, há muita apreensão em torno do avanço dos rendimentos dos títulos americanos de 10 anos, com o mercado de olho na próxima reunião de política monetária do Federal Reserve, que deve aumentar os juros em mais 75 pontos-base. Assim, o direcional das bolsas americanas seguiu hoje mais o comportamento do mercado de juros do que propriamente os resultados da empresas, que têm sido positivos", diz Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3.

Em outro desdobramento do dia, no exterior, os contratos futuros de petróleo registraram baixa modesta nesta quinta-feira. A commodity chegou a subir cerca de 3%, com foco no potencial relaxamento de algumas restrições na China para conter a covid-19, mas o fôlego não se sustentou. Ainda assim, Petrobras ON e PN encerraram o dia em alta, respectivamente, de 2,68% e 2,96%, em sessão também muito positiva para outros carros-chefes da B3, como Vale (ON +1,28%) e grandes bancos, com BB (ON +4,68%) mais um vez à frente, após o leve ajuste do dia anterior (+0,31%) – na terça-feira, já havia subido mais de 5%.

Na ponta do Ibovespa nesta quinta-feira, além de Banco do Brasil, destaque também para as siderúrgicas CSN (ON +3,96%), Usiminas (PNA +2,99%) e Gerdau (PN +2,52%). No lado oposto, Americanas (-13,77%), Via (-7,06%), Cyrela (-3,48%), Yduqs (-3,17%) e CVC (-3,16%).

"Apesar de a Bolsa ter trabalhado em alta, os setores mais correlacionados à nossa economia, mais dependentes de capital e mais sensíveis a juros, recuaram. Principalmente o setor de varejo, em especial o comércio eletrônico, com expectativa aí de resultados efetivamente mais fracos", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

Como pano de fundo, ele cita também movimentos dos candidatos, com referências a aumentos de salários e cortes de imposto, o que contribui para que a luz do risco fiscal volte a ser acesa. "Num contexto assim, as empresas mais correlacionadas à economia doméstica sofrem mais", acrescenta Moliterno, referindo-se a perdas, nesta quinta, não apenas no setor de consumo, mas também nos de construção civil e de mobilidade, "sensíveis à manutenção de juros altos por tempo prolongado".

Por outro lado, além do prosseguimento da recuperação vista nas ações de bancos, a siderurgia e mineração tiveram dia positivo, apesar da queda do preço do minério de ferro na China nesta quinta-feira – prevaleceu sobre a percepção do investidor, na compra de ativos do setor, a expectativa de "arrefecimento" nos <i>lockdowns</i> na China, que atingem diretamente o nível de atividade do país.

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