Faltando ainda duas sessões para o fechamento de agosto, o Ibovespa chegou nesta terça-feira, 29, apenas ao quinto ganho diário no mês – o segundo consecutivo -, retomando agora a linha dos 118 mil pontos. Apesar da extensão das perdas que se sucederam na maior parte do mês, a dimensão do ajuste negativo foi discreta, limitada agora a 2,90% em agosto. Nas últimas seis sessões, desde o dia 22, o índice alternou-se entre ganhos duplos e perdas duplas, obtendo assim quatro das cinco altas desde 1º de agosto, após ter enfileirado quedas em todas as sessões do mês até o último dia 17.
Nesta terça, a referência da B3 oscilou dos 117.123,70, da abertura, aos 118.493,13 pontos, na máxima do dia, fechando em alta de 1,10%, aos 118.403,61 pontos, com giro financeiro ainda moderado, a R$ 20,1 bilhões.
Na semana, o Ibovespa avança 2,22% nessas duas primeiras sessões, recolocando o ganho acumulado no ano a 7,90%. Com a recuperação aos poucos em andamento, o nível de fechamento, hoje, foi o maior desde 9 de agosto quando o Ibovespa mostrava patamar semelhante (118.408,77 pontos).
"Foi um dia positivo para os mercados em geral, e um grande catalisador foi o indicador sobre vagas de emprego nos Estados Unidos, o relatório Jolts, abaixo do esperado, que resultou em ajuste na perspectiva para os juros do Federal Reserve, que na visão do mercado, agora, podem ficar estáveis até março do ano que vem", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. Dessa forma, os rendimentos dos Treasuries recuaram na sessão, "um otimismo que se refletiu em impulso à Bolsa", acrescenta.
Em Nova York, o índice de ações com maior exposição à perspectiva de curto prazo para os juros americanos, o Nasdaq, que reúne as ações de tecnologia, consideradas como de "crescimento", fechou nesta terça-feira em alta de 1,74%, andando à frente do índice amplo, o S&P 500 (+1,45%), e do tradicional Dow Jones (+0,85%).
"Os futuros do Ibovespa estão em torno dos 120 mil pontos, em recuperação, com commodities, mineração e siderurgia ainda buscando refletir as iniciativas na China para tentar reaquecer o mercado acionário. E o setor financeiro também melhora aqui, com a possibilidade de o JCP a distribuição de juros sobre capital próprio não ser encerrado, mas sim sofrer algum tipo de mudança nas regras, em relação à tributação", acrescenta Moliterno.
No noticiário corporativo, o anúncio da venda de 16 unidades de abate da Marfrig, por R$ 7,5 bilhões, colocou a ação do frigorífico na ponta do Ibovespa, em alta de 10,70% no fechamento, à frente de CVC (+6,36%) e de Locaweb (+4,42%). Por outro lado, a Minerva, compradora das unidades da Marfrig, caiu hoje 18,26%, por temores quanto ao nível de endividamento da empresa, que pode aumentar com a operação, na visão inicial do mercado. Destaque negativo também para Pão de Açúcar (-4,18%) e Petz (-2,78%) nesta terça-feira.
Entre as ações de maior peso no Ibovespa, Petrobras ON (+0,37%) e PN (+0,22%) tiveram desempenho discreto na sessão, enquanto Vale ON avançou 3,19%, em dia bem positivo também para outros nomes do setor metálico, como Gerdau Metalúrgica (PN +2,67%, na máxima do dia no fechamento) e CSN (ON +1,84%). Entre os grandes bancos, destaque para Unit de Santander, em alta de 2,72% no fechamento desta terça-feira.
"Empresas ligadas ao crescimento chinês reagiram positivamente, com destaque para exportadores de commodities, como Vale. A semana ainda contará com uma bateria de dados econômicos, aqui e lá fora, com divulgação de inflação e desemprego nos Estados Unidos e PIB do segundo trimestre no Brasil", observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.
"A política doméstica também não sai dos holofotes, como pudemos ver, ontem, no envio de um projeto de lei e de uma medida provisória com o objetivo de aumentar a arrecadação – uma tributando fundos offshore e outra aumentando a tributação sobre fundos exclusivos", acrescenta Rachel. "O mercado fez leitura positiva sobre a busca do governo por mais receita, mostrando certo comprometimento em manter a estabilidade do fiscal", diz Moliterno, da Veedha.