O Ibovespa fechou a terceira semana de avanço consecutivo, desta vez com ganho de 2,04%, após altas de 4,29% e de 0,13% nos intervalos precedentes. Hoje, vindo de leves perdas de 0,12% e de 0,08% nas sessões anteriores, subiu 1,29%, aos 120.568,14 pontos, no maior nível de fechamento desde 3 de agosto (120.585,77), com giro financeiro a R$ 23,6 bilhões nesta sexta-feira. No mês, o índice da B3 avança 6,56% e, no ano, ganha 9,87%. Hoje, oscilou entre mínima na abertura a 119.035,85 e máxima aos 120.822,77 pontos.
Em meio à retração dos rendimentos dos Treasuries, o ganho de fôlego dos índices de ações em Nova York à tarde e a virada que chegou a ser esboçada por Petrobras na B3 deram mais dinamismo ao Ibovespa na etapa vespertina. Entre as ações de maior peso e liquidez na Bolsa brasileira, apenas as de Petrobras (ON -0,32%, PN -0,46%) e Bradesco (ON -1,26%, PN -1,44%), que assim como a estatal também apresentou balanço trimestral na noite de quinta-feira, destoaram do sinal positivo no fechamento.
No encerramento, destaque para Soma (+6,62%), MRV (+6,30%) e Dexco (+5,88%), enquanto Locaweb (-5,30%), Lojas Renner (-4,35%) e São Martinho (-3,14%) puxaram a fila oposta. Entre os carros-chefes do Ibovespa, Vale ON subiu hoje 1,53% e, entre os grandes bancos, destaque para Itaú (PN +1,20%) – o terceiro maior peso individual na carteira Ibovespa, atrás apenas de Vale e Petrobras – e também para Banco do Brasil (ON +1,47%) e Santander (Unit +1,19%).
"Tivemos uma sessão bastante positiva para a Bolsa, com curva de juros fechando e dólar caindo, uma combinação que reflete a descompressão de risco, que colocou em destaque, na sessão, ações do setor financeiro, mas também com boa reação de outros segmentos, como o de varejo", diz Lucca Ramos, sócio da One Investimentos.
"Dia de pouca volatilidade, o que acabou ajudando, desde o exterior, com o avanço firme visto em Nova York à tarde, que contribuiu para a correlação de dólar em queda e Bolsa em alta por aqui, favorecida também, ainda de manhã, pela leitura abaixo do esperado para a inflação em outubro", diz Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos.
O dia começou bem com a leitura comportada do IPCA em outubro, que reforça a percepção de que o Copom terá condições de efetivar mais dois cortes de meio ponto porcentual na Selic nas duas próximas reuniões de política monetária, em dezembro e janeiro. Em alta de 0,24% no mês, o IPCA de outubro trouxe núcleos com "qualitativo benigno para a medição, dentro da meta de inflação", diz Ariane Benedito, economista e RI da Esh Capital.
"O dado de outubro veio melhor do que as expectativas, o que deve favorecer as implícitas e a curva de juros, sem mudar o sentido da política monetária para a próxima reunião do Copom. No entanto, a continuidade de desaceleração gradual da inflação e de ancoragem das expectativas aumenta as chances de intensificação dos cortes na taxa de juros para o início de 2024", acrescenta a economista.
"De forma geral, o resultado do IPCA foi lido de forma positiva, tendo ficado abaixo do consenso de mercado para o mês, ainda que não tenha sido uma surpresa muito grande", diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. "Não fossem o risco fiscal e o cenário internacional bastante incerto, principalmente em razão das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos, ainda em nível muito alto, o BC até poderia acelerar o ritmo de cortes da Selic", acrescenta.
As expectativas do mercado financeiro para o comportamento das ações no curtíssimo prazo voltaram a ficar mais divididas no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A maioria de 57,14% participantes acredita que a próxima semana será de alta para o Ibovespa e 28,57% esperam estabilidade, enquanto para 14,29% o índice deve acumular queda. No Termômetro anterior, o quadro era simétrico entre os que previam ganhos (50%) e os que estimavam variação neutra (50%), sem respostas apontando perda.