Mesmo com Nova York, na maior parte da sessão, dando prosseguimento à tendência negativa que se instalou desde os sinais de guinada hawkish no dia 5 na política monetária dos Estados Unidos, o Ibovespa conseguiu fechar na casa dos 106 mil pontos pela primeira vez no ano, atingindo assim seu melhor nível de fechamento desde 17 de dezembro (107.200,56 pontos), em dia favorável tanto no câmbio, com o dólar em baixa de 0,29%, a R$ 5,5132 no fechamento, como na curva de juros doméstica. No melhor momento, raspou e depois retomou os 107 mil pontos, em patamar não visto desde 20 de dezembro, quando saiu de 107.171,21 naquela abertura.
Assim, a referência da B3 subiu nesta sexta-feira 1,33%, aos 106.927,79 pontos, entre mínima de 105.028,27 e máxima de 107.061,73 pontos, com abertura a 105.530,43 pontos. O giro foi de R$ 31,4 bilhões e, na semana, o Ibovespa acumulou ganho de 4,10%, vindo de perdas de 2,01% e de 0,07% nas duas anteriores, e de 2,15% e de 0,52% nas duas últimas de 2021 – ao todo, quatro semanas de retração.
Agora, teve o melhor desempenho semanal desde o intervalo entre 1º e 5 de março de 2021, quando havia avançado 4,70%. No mês e no ano, o Ibovespa acumula ganho de 2,01%, fechando a primeira quinzena de janeiro no positivo, após largada bem negativa em 2022, com perdas nas três primeiras sessões.
Com o petróleo em alta nesta sexta-feira, o desempenho de Petrobras (ON +2,10%, PN +3,73%) mais uma vez deu impulso à referência da B3, apoiada também no avanço das ações de bancos, como BB ON (+2,56%) e Bradesco PN (+1,61%). À tarde o índice ganhou ímpeto, renovando inicialmente máximas acima de 1% na sessão, com Vale revertendo ao positivo (ON +0,58%), enquanto o setor de siderurgia também limitava perdas e em parte passava ao positivo (Usiminas PNA +0,49%).
Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta nesta sexta, encerrando semana de ganhos para o barril, marcada por menor preocupação com os impactos da variante Ômicron do coronavírus para a demanda. No atual estágio, nova liberação de reservas é discutida por países consumidores, com destaque para a China, que registrou um aumento nas importações de petróleo em dezembro.
Aqui, "o mercado seguiu descolado de Nova York, acompanhando dados de varejo pela manhã, melhores do que a expectativa, e também com certa acalmada na questão econômica, com reflexo nos juros, a curva fechando um pouquinho. E as ações de bancos, que estavam muito depreciadas, subiram hoje com resultados de bancos americanos, alguns um pouco melhores, mas em geral mistos – nossa temporada de balanços começa no final desse mês", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, que chama atenção para a diminuição do fluxo vendedor, principalmente dos fundos. "Houve diminuição daquela onda de resgates que vimos no final do ano passado, o que tira um pouco da pressão. Como nossa Bolsa vem com um desconto bastante expressivo, está dando essa oportunidade de melhorar", acrescenta.
"O descolamento brasileiro veio da surpresa positiva do varejo, com crescimento acima do esperado, e que, embora pequeno, de 0,6% (em novembro ante outubro), resulta em otimismo na Bolsa, enquanto o exterior segue em ajuste, especialmente no setor de tecnologia", diz Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.
Ao fim, S&P 500 (+0,08%) e Nasdaq (+0,59%) mudaram de sinal em Nova York, mas ainda acumulando perdas de 2,17% e 4,80%, respectivamente, no mês.
No Brasil, a melhora no desempenho do varejo na passagem de outubro para novembro fez o volume de vendas ficar 1,2% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas operam 1,9% aquém do pré-pandemia. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para Banco Inter (Unit +7,92%), BR Malls (+7,01%), Banco Pan (+6,13%) e WEG (+6,04%). No lado oposto, Locaweb (-4,11%), Positivo (-3,87%) e Alpargatas (-3,31%).