Esforços para fazer avançar a reforma da Previdência na Câmara, aliados à alta das bolsas americanas para níveis recordes, deram fôlego ao mercado acionário local nesta quarta-feira, 3. Após certa volatilidade na primeira etapa de negócios em meio a temores de atraso no andamento da reforma, o principal índice da B3 se firmou em alta com os estímulos vindos de Nova York e sinais positivos das negociações em Brasília.
Com mínima de 100.451,36 pontos e máxima de 102.176,96 pontos, o Ibovespa encerrou a sessão aos 102.043,11 pontos, em alta de 1,43%. Apesar das bolsas em NY terem fechado mais cedo (às 14h), por conta do feriado da Independência dos EUA amanhã, o volume negociado na B3 atingiu R$ 15,47 bilhões, em linha com a média diária.
Segundo operadores, havia certo receio pela manhã de que a sessão da comissão especial fosse adiada diante de insatisfação em relação a pontos do voto complementar do relator da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP). Apuração do Broadcast revelou que deputados dos partidos do Centrão tentaram iniciar movimento para suspender a sessão do colegiado. A ideia foi rechaçada pelo presidente da comissão, deputado Marcelo Ramos (PL-AM). Um novo voto complementar de Moreira traria as mudanças solicitadas pelos líderes partidários, destravando o avanço da reforma.
Além da leitura do novo voto complementar de Moreira, o plano de Ramos é votar ainda hoje requerimentos da oposição para o adiamento da votação da matéria. Isso afasta os temores de que um atraso na comissão impeça que a proposta seja apreciada no plenário da Câmara, pelo menos em primeiro turno, antes do início do recesso parlamentar, em 18 de julho.
Segundo o gerente da mesa de renda variável da corretora H.Commcor, Ariovaldo Ferreira, na ausência de notícias no front corporativo, o Ibovespa foi guiado nesta quarta-feira pela expectativa em torno do avanço da reforma. “O mercado está muito ligado à essa questão da Previdência. E qualquer sinal de que vai se conseguir aprovar no plenário antes do recesso dá certo ânimo”, afirma Ferreira. “Além da questão da Previdência, houve um pouco de ajuda do mercado externo, com alta do petróleo dando força para Petrobras”, acrescenta.
Responsável pela área de renda variável da Monte Bravo, Bruno Madruga observa que o ambiente externo positivo teve um papel relevante para o avanço do Ibovespa. A abertura positiva das bolsas americanas ofuscou as tensões internas pela manhã e o fechamento recorde em Nova York deu fôlego extra ao Ibovespa ao longo da tarde. Segundo Madruga, o aumento das apostas em redução dos juros nos Estados Unidos no curto prazo animaram os mercados. “Se o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) cortar os juros, haverá mais recursos para emergentes, e o Brasil deve se beneficiar”, disse.