O dia foi de alguma recuperação para o real e o Ibovespa neste começo de último trimestre do ano, após um mês de setembro difícil para os ativos brasileiros, em que o grau maior de incerteza sobre o cenário externo se conjugou às persistentes dúvidas domésticas sobre a evolução do fiscal, com indefinição sobre como ficará o Auxílio Brasil e a PEC dos Precatórios. Assim, o índice de referência da B3 fechou a primeira sessão de outubro em alta de 1,73%, aos 112.899,64 pontos, com o maior ganho em porcentual desde o último dia 22 (1,84%) e buscando se reaproximar do nível de encerramento de 27 de setembro (113.583,01 pontos).
Na semana, o Ibovespa limitou a perda do intervalo a 0,34%, vindo de ganho de 1,65% acumulado na semana anterior, que havia sido o primeiro em quatro semanas.
Assim, das últimas cinco semanas, incluindo a que chega agora ao fim, o Ibovespa avançou em apenas uma delas. Nesta sexta, oscilou entre mínima de 110.979,75, da abertura, e máxima de 113.019,62 pontos, com giro financeiro a R$ 34,2 bilhões no encerramento. No ano, o índice cede 5,14%.
Após instabilidade pela manhã, os índices de ações em Nova York encerraram o dia com ganhos firmes, buscando recuperação frente à sessão anterior, mas em terreno negativo no acumulado da semana, com destaque para o Nasdaq, que registrou perda de 3,20% no período. Os gargalos nas cadeias internacionais de insumos, a escassez de fontes de energia, as dúvidas sobre o ritmo de retomada econômica e o aumento da inflação global permanecem como pano de fundo para os negócios.
"Setembro teve muitos pontos de atenção e outubro começa quase da mesma maneira", observa Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, acrescentando que os investidores continuarão muito atentos aos dados sobre a inflação americana, em meio a sinais de desaceleração econômica global, especialmente na China em momento de substituição de matrizes de energia, com redução do uso de carvão. "O investidor precisará ser paciente no médio prazo, após um mês de setembro muito volátil."
Nesta sexta-feira, os principais mercados acionários da Europa fecharam o dia em baixa, reagindo à leitura sobre a inflação na zona do euro, em alta de 3,4% ao ano em setembro, comparada a 3% em agosto. No mês, a inflação ao consumidor no bloco, no maior nível desde 2008, também foi puxada pela energia, aponta Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora. "Esse cenário inflacionário, pressionando o aumento de custos, está acontecendo em diferentes países", acrescenta.
Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para a recuperação da Unit do Banco Inter (+9,54%), assim como para a ação PN (+9,31%) da instituição, ocupando o topo da lista do índice na sessão, ao lado de Banco Pan (+8,46%). Na face oposta do Ibovespa, destaque para Suzano (-3,76%), Pão de Açúcar (-2,56%) e Fleury (-2,12%).
Entre as blue chips, em dia positivo para o petróleo com a retomada de apetite por risco no exterior, Petrobras ON e PN fecharam o dia respectivamente em alta de 1,88% e 2,83% (esta na máxima da sessão), enquanto Vale ON cedeu 0,05% em dia positivo para o setor de siderurgia, com destaque para Usiminas PNA (+4,65%). Entre os grandes bancos, os ganhos chegaram a 4,01% (Unit do Santander) nesta sexta-feira.
"Hoje, houve animação em Nova York, com resposta muito positiva à possibilidade de medicamento (da Merck) para Covid, e o Ibovespa acompanhou. Foi o principal catalisador do dia", diz Leonardo Aparecido, especialista em renda variável da Valor Investimentos.