Estadão

Ibovespa sobe 1,81% e retoma os 120 mil pontos; na semana, alta é de 2,13%

Em dia de vencimento de opções sobre ações, o Ibovespa retomou a linha de 120 mil pontos, que costuma ser associada a uma região de resistência a ser superada para que o índice busque novas máximas no ano. Em fechamento, a marca de 120 mil não era vista desde 21 de junho, há um mês, quando o índice de referência da B3 assinalou o maior nível de encerramento desde 4 de abril de 2022. Hoje, oscilou de 118.085,75 a 120.372,77, saindo de abertura aos 118.090,40 pontos. Ao fim, mostrava alta de 1,81%, aos 120.216,77 pontos, no positivo pelo segundo dia, com giro a R$ 24,2 bilhões na sessão.

Na semana, o Ibovespa acumulou ganho de 2,13%, após perda de 1,00% ao longo da anterior. No mês, o índice avança 1,80%, com alta no ano a 9,55%.

Esta última sessão da semana foi de ganhos bem distribuídos pelas ações e os setores de maior peso no Ibovespa, com destaque para o financeiro, onde o avanço chegou a 3,27% (Bradesco PN) no fechamento do dia. As commodities também foram bem nesta sexta-feira, com Petrobras em alta perto de 2% (ON +1,83%, PN +1,89%), à frente de Vale (ON +0,61%). Na sessão, as ações com exposição ao ciclo doméstico, como as de consumo (ICON +1,96%), andaram mais do que as correlacionadas a preços e demanda externos, como as de materiais básicos (IMAT +0,24%).

Na ponta do Ibovespa no fechamento, destaque para Azul (+8,82%), Gol (+7,56%), Via (+6,84%), Magazine Luiza (+4,14%) e Soma (+3,88%). No lado oposto, apenas Gerdau (PN -1,09%) e Gerdau Metalúrgica (PN -0,62%), as duas únicas ações da carteira Ibovespa a encerrar a sessão em baixa.

"O mercado está à espera dos balanços e as siderúrgicas tendem a sofrer um pouco mais porque, em termos de volume, os dados de produção, de vendas e de consumo estão mais fracos. Já em termos do preço de aço doméstico, notamos um prêmio bem acima do histórico de cinco anos. Por isso o contexto é mais desafiador", diz Rafael Passos, analista da Ajax Asset.

No quadro mais amplo, "o dia, desde a manhã, foi de fechamento da curva de juros em todos os vértices, dos curtos aos longos. E o dólar frente ao real, desde março, tem se enfraquecido – agora, no intradia, abaixo de R$ 4,78, importante ponto no gráfico diário, que pode dar continuidade a esse movimento principal", diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos. No fechamento desta sexta-feira, o dólar mostrava queda de 0,47%, a R$ 4,7805 – na mínima de hoje, foi a R$ 4,7615.

Assim, com câmbio e juros futuros jogando a favor do apetite por risco, a expectativa é de que a Bolsa possa estender o movimento de recuperação, tendo se mantido lateralizada em boa parte da semana, à espera de definições essenciais logo à frente, como a deliberação do Federal Reserve sobre os juros americanos, na próxima semana, e a do Copom sobre a Selic em seguida, no começo de agosto.

Na sessão, o desempenho do Brent, em alta acima de 1% e de volta à casa de US$ 80 por barril, contribuiu para o avanço das ações de Petrobras, com a ON acumulando ganho de 2,33% e a PN, de 2,17%, na semana. Em meio a esforços da Opep+ de manter restrita a oferta da commodity, foi a quarta semana consecutiva de recuperação nos preços do petróleo. "E a Rússia, aparentemente, deve entrar nessa onda de cortes mais profundos na produção a partir de agosto, após ter se mostrado contra isso na última reunião da Opep+, realizada em junho", diz Serra, mencionando também sinais positivos sobre a demanda chinesa e indiana pela commodity, com compras recordes de petróleo a partir da Rússia.

"Após uma semana de variação morna, o mercado retomou hoje as compras de ações, levando o Ibovespa a romper os 120 mil pontos novamente, e, ainda mais importante, sustentando esse patamar ao longo do dia", diz Lucas Martins, especialista da Blue3 Investimentos, destacando o desempenho das ações de petróleo, de bancos e também as do consumo cíclico, "sensíveis ao cenário de juros". "Como em boa parte do resto da semana, foi mais um dia sem gatilhos locais, mas o vencimento de opções sobre ações, hoje, e a expectativa para os cortes de juros deram impulso ao Ibovespa."

O mercado financeiro está dividido sobre o desempenho das ações na próxima semana, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa. Metade dos participantes (50%) acredita que a Bolsa terá uma semana de ganhos e a outra metade (50%) prevê estabilidade. Nenhum deles espera queda. Na pesquisa da semana passada, 66,67% responderam que o Ibovespa teria alta nesta semana e 33,33%, variação neutra, sem respostas indicando baixa.

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