Dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos abaixo do esperado para outubro resultaram, desde a manhã, em apetite a risco nesta véspera de feriado no Brasil, com mercados abertos, amanhã, lá fora. Assim, o Ibovespa operou em direção única, positiva, desde a abertura aos 120.410,51 pontos, correspondente à mínima da sessão, e, na máxima, no fim da tarde, foi aos 123.370,35 (+2,46%), o maior nível intradia desde 10 de agosto de 2021, então aos 123.512,77 pontos.
No fechamento de hoje, o índice da B3 mostrava alta de 2,29%, aos 123.165,76 pontos, no maior nível de encerramento desde 3 de agosto de 2021 (123.576,56). Em porcentual, o ganho diário foi o maior desde o último dia 3 de novembro, quando o Ibovespa havia avançado 2,70%.
O giro financeiro desta terça-feira subiu a R$ 35,2 bilhões, um volume que tem se mostrado incomum fora das datas de vencimento de opções sobre o Ibovespa. No mês, o índice sobe 8,86%, com ganho combinado de 2,15% nessas duas primeiras sessões da semana. No ano, o Ibovespa avança 12,24%, mostrando recuperação nas três últimas semanas, em movimento que se estende ao intervalo em curso.
A cereja do bolo, hoje, foi a leitura do CPI dos Estados Unidos, estável em outubro, ante expectativa de leve alta, de 0,1%, no mês. "O dado de inflação reforçou as expectativas de que o Banco Central americano não precisará aumentar mais a taxa de juros, e a reação positiva do mercado foi instantânea", diz João Romar, head de Internacional da InvestSmart XP, referindo-se também ao efeito favorável sobre a curva de juros brasileira, em razão da menor pressão desde o exterior nesta terça-feira.
"A boa notícia é que tanto a inflação cheia quanto o núcleo que exclui alimentos e energia, itens considerados voláteis vieram abaixo das expectativas. Caso o núcleo mantenha essa trajetória baixista até a próxima reunião em dezembro do Fomc o comitê de política monetária do Federal Reserve, o BC dos EUA, a tendência é de não termos mais elevações na taxa de juros nos Estados Unidos", aponta Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
Assim, com apetite a risco induzido a partir do exterior na sessão – em meio à perspectiva de fim de ciclo de alta de juros na maior economia do mundo -, apenas seis dos 86 papéis da carteira Ibovespa encerraram o dia em baixa: Suzano (-2,96%), Raízen (-2,35%), Yduqs (-0,70%), JBS (-0,57%), TIM (-0,29%) e Totvs (-0,21%). No lado oposto, Azul (+8,71%), CSN (+8,70%), Vamos (+8,33%), CVC (+7,17%) e Localiza (+6,69%).
Entre as ações de maior peso no Ibovespa, destaque para a principal delas, Vale ON, em alta de 3,10%, à frente de Petrobras (ON +1,15%, PN +1,37%) e também dos grandes bancos (Bradesco ON +2,36% e PN +2,10%; Santander Unit +2,35%; Itaú PN +1,50%).
"A inflação abaixo do esperado nos Estados Unidos colocou o Ibovespa nos maiores níveis desde agosto de 2021, aos 123 mil pontos, e derrubou o dólar para R$ 4,84 no melhor momento da sessão, com o mercado refletindo uma possível parada na alta de juros nos Estados Unidos e já projetando, também, a possibilidade de cortes nas taxas ainda no primeiro semestre do ano que vem", diz André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
"O dia foi muito bom para as bolsas, aqui como também no exterior, com a possibilidade de encerramento, de vez, do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, após a leitura do CPI. A chance de que a taxa de juros nos Estados Unidos pare de subir e possa vir a cair antes do que se pensava favorece a liquidez no mundo todo, e traz alívio para emergentes como o Brasil, contribuindo para os negócios com ativos de risco", diz o economista Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos.
"A Bolsa vem numa sequência boa desde a semana passada, com fatores macro, e já estava ficando cansativo dizer o quanto estava barata, vindo dos menores níveis de valuation desde a crise financeira de 2007. Estávamos há praticamente três anos com a Bolsa negociando entre um e dois desvios-padrões abaixo da média histórica de Preço sobre Lucro P/L, apesar da percepção de que o micro era favorável, com as empresas reportando resultados ainda bons", diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos.