Retirando o quanto podia de declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre responsabilidade fiscal e progressão de reformas, o Ibovespa conseguiu se reconectar nesta terça-feira ao humor externo positivo, saindo de mínima, na abertura, aos 117.474,11 pontos para chegar aos 120.462,82 na máxima, à tarde, uma variação de cerca de 3 mil pontos entre o piso e o pico da sessão. Ao fim, mostrava alta de 2,33%, aos 120.210,75 pontos, em seu maior ganho porcentual desde 28 de janeiro (então 2,59%).
No ano, volta a terreno positivo, agora em avanço de 1,00% em 2021, com a limitação das perdas em agosto a 1,31%, Na semana, sobe 1,83%.
Com giro financeiro a R$ 34,6 bilhões na sessão, o Ibovespa obteve seu melhor nível de fechamento desde 13 de agosto, quando havia encerrado a 121.193,75 pontos, em sexta-feira após a qual se iniciou correção que o levaria a 116.642,62 pontos no encerramento do dia 18, chegando aos 114.801,00 pontos na mínima intradia do intervalo, em 19 de agosto – correspondente ao menor nível intradiário desde 29 de março.
"A gente veio de um período de queda constante na Bolsa, bem atrasada em relação a outros mercados do exterior, como os de Nova York. As declarações do Lira hoje foram firmes e importantes. Qualquer melhora na percepção de risco-País ajuda a Bolsa a reagir, especialmente em um cenário de redução de percepção de risco no exterior, como vemos agora. A questão é saber se isso vai continuar, e vai depender muito do que Brasília colocará nesse caldo. Jackson Hole é no fim da semana, e pode trazer volatilidade, com o S&P 500 em sucessivas renovações de máximas históricas ao longo deste ano", diz Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos.
"O compromisso de Lira com o teto de gastos, e defendendo a aprovação de reformas, era o que o mercado queria e precisava ouvir, o que se refletiu não apenas na Bolsa mas também no câmbio e na curva de juros", observa Cassio Bambirra, sócio da One Investimentos, chamando atenção para o efeito da descompressão nos juros futuros sobre um setor em particular, o imobiliário, com forte desempenho na sessão. "Lira também se manifestou sobre os precatórios, contra calote, o que é muito importante para a confiança do investidor, especialmente o estrangeiro", acrescenta.
Em evento da XP Investimentos, o presidente da Câmara afirmou nesta terça que o relatório da reforma administrativa, nas mãos do deputado Arthur Maia (DEM-BA), deve ser apresentado na Casa esta semana, e disse também que pretende discutir com setores do governo, no mesmo período, a PEC dos Precatórios.
Lira afirmou que buscará, com o Supremo Tribunal Federal (STF), uma solução para que a PEC respeite o teto de gastos, acrescentando já ter marcado um encontro com o presidente do STF, Luiz Fux, para que a Corte faça a mediação de solução para o tema.
No exterior, o desempenho positivo de commodities como o petróleo, com o Brent de volta a US$ 71 por barril, e o minério de ferro, em alta superior a 6% na China, contribuiu para alavancar a recuperação observada no Ibovespa nesta terça-feira, colocando em destaque o setor de mineração (Vale ON +3,65% no fechamento) e siderurgia (Usiminas PNA +7,10%, CSN ON +5,35%), que ainda acumula perdas entre 4,50% (Gerdau PN) e 15,15% (CSN ON) no mês.
Na ponta do Ibovespa na sessão, destaque para Cyrela (+12,33%), Lojas Americanas (+11,81%), Gol (+10,97%) e Eztec (+10,61%). No lado oposto, JBS (-3,26%), Raia Drogasil (-2,64%) e Pão de Açúcar (-2,09%). No campo positivo, o setor financeiro, segmento de maior peso no Ibovespa, registrou ganhos entre 1,60% (Santander) e 3,10% (BB ON) nesta terça-feira, considerando as maiores instituições.