Após subir 0,95%, com a máxima marcando 112.162,74 pontos, o Ibovespa perdeu fôlego, ameaçando até mesmo perder os 111 mil pontos, na esteira da queda das ações da Petrobras. Porém, de outro lado, a valorização dos papéis de mineradoras e siderúrgicas, na esteira de expectativas de que a China continuará agindo para evitar um desaquecimento maior da sua economia alivia.
Além disso, a indicação do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que promoverá sete altas ao todo no juro americano traz previsibilidade, e estimula alta no mercado de ações de lá, apesar de dúvidas a respeito de negociações entre Rússia e Ucrânia para colocar fim do conflito. Hoje, autoridades russas negaram avanços em acordos de por paz.
Apesar do comunicado duro do Fed, isso acabou agradando. "O mercado não gosta de imprevisibilidade. E as falas de Powell presidente Jerome Powell ficaram em linha com o esperado, de uma postura um pouco mais contracionista da economia americana", avalia Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3.
Internamente, o Copom subiu a Selic de 10,75% para 11,75% ao ano, como o esperado, mas indicou novo aumento de um ponto porcentual em maio, o que gerou "estranheza", avalia Fernando Dal-Ri Murcia, diretor de Pesquisas da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FipeCafi). Para ele, a comunicação do Banco Central tem sido "confusa" e, ao indicar novo ajuste da Selic, fica um pouco refém do mercado.
"Acaba tendo de entregar algo que não precisaria se comprometer agora dado esse nível de juro restritivo, de dúvidas por causa da guerra. Eventualmente se a situação melhora, o BC meio que fica na mão do mercado", avalia Murcia.
As ações do setor financeiro reagem em queda, bem como as do segmento imobiliário e de algumas ligadas ao consumo.
"O Ibovespa está meio no zero a zero. O comunicado do Copom foi dúbio. Talvez o mercado continue mesmo olhando para os ataques russos à Ucrânia, para a falta – ou avanço – nas negociações e o comportamento da China nessa história", avalia Rodrigo Knudsen, gestor da Vítreo.
Até porque, explica Knudsen, a grande incógnita da pressão inflacionária atual no mundo passa pela guerra. "Quanto tempo vai durar? Ninguém sabe. Então, temos de acompanhar com cautela."
Apesar da valorização do petróleo, de quase 7% e acima de US$ 100 o barril, as ações da Petrobrás caem perto de 3%, diante de sinais de pressão para mudanças no comando da presidência da Petrobrás.
"Sem dúvida, isso pesa", diz Esteves, da Blue 3.
Temores de ingerência política na estatal pesam nos papéis, em meio a pressões do presidente Jair Bolsonaro para promover mudanças na diretoria da companhia, após o reajuste nos preços dos combustíveis promovido pela empresa. "Bolsonaro estaria na direção de demitir diretores próximos à precificação dos preços dos combustíveis com base nas cotações do petróleo no mercado internacional", diz.
Às 11h22, o Ibovespa subia 0,33%, aos 111.483,32 pontos. Vale tinha alta de 2,67% e CSN ON, de 4,39%. Em Nova York, as bolsas sobem.