O Ibovespa volta do feriado de Tiradentes se ajustando aos ganhos da véspera em Nova York, como fazem as bolsas europeias, onde investidores também recebem sem surpresas a manutenção das taxas básicas de juros e do programa de compras de ativos pelo Banco Central Europeu (BCE). Na máxima intradia, o índice brasileiro alcançou 120.994,84 pontos.
No entanto, o viés negativo nas bolsas americanas nesta quinta-feira e a expectativa da participação do presidente brasileiro na Cúpula do Clima podem limitar ou até mesmo impedir uma recuperação mais firme do Ibovespa, que fechou com queda de 0,72%, aos 120.061,99 pontos, na terça-feira.
Além disso, o minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao, fechou a US$ 183,62 a tonelada, em queda de 2,45%, hoje, também depois de cair ontem, quando a Bolsa brasileira ficou fechada e os mercados internacionais, não. Em contrapartida, o petróleo migrava para o terreno positivo no exterior.
Como nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, após uma sessão marcada pelo tom majoritariamente positivo, os mercados internacionais retomam certa cautela nesta manhã, de olho na expansão dos casos de covid-19 em determinadas regiões. Nesse sentido, cita, a Índia voltou a renovar o recorde diário de novas contaminações.
"No Brasil, após o feriado de ontem os mercados reabrem devendo um ajuste positivo ao exterior ontem, mas a cautela desta manhã lá fora e o quadro local turbulento devem limitar os ativos. Por aqui, o foco estará na sanção do orçamento pelo presidente Bolsonaro, além de sua participação na cúpula do clima", afirma Campos Neto.
De acordo com o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, "seria importante recuperar os 121 mil pontos e buscar 123.500 pontos para mirar o recorde dos 125.300 pontos de 8 de janeiro de 2021", afirma em análise a clientes e à imprensa. No entanto, pondera que o dia está só começando e há alguns questões internas que podem atrapalhar recuperação do índice brasileiro.
Além dos rescaldos da aprovação do Orçamento 2021 pelo Congresso Nacional, esperando que o presidente Jair Bolsonaro sancione a Lei Orçamentária deste ano, já que a data limite para a sanção é hoje, o investidor espera para ver como será a participação do presidente Jair Bolsonaro na Cúpula do Clima.
O evento que acontece de forma virtual e se estende até amanhã tem como anfitrião os Estados Unidos. O presidente americano, Joe Biden, convidou 40 das principais lideranças mundiais para participar do encontro, e certamente terá seu poder de fogo testado já que praticamente acabou de assumir o comando da maior economia do planeta.
No início da Cúpula, Biden afirmou que quando fala-se em clima, pensa-se em empregos e em oportunidade econômica. Ele disse que seu governo quer cortar emissão de carbono pela metade até fim desta década. "Este é o caminho para EUA terem emissão zero de carbono até 2050."
Bolsonaro também deve atrair as atenções, já que o Brasil segue atraindo os olhares do mundo por suas ações – ou falta de – no controle ao desmatamento na Amazônia. Não são esperadas grandes sugestões de mudanças da política ambiental brasileira ou acordo, mas o Bolsonaro deve ir atrás de mais recursos para medidas climáticas.
O Brasil deverá pedir US$ 1 bilhão ao governo americano para preservação ambiental, quando o País já possui R$ 2,9 bilhões imobilizados há mais de dois anos, mas os recursos estão parados.
No âmbito corporativo, destaque para Lojas Americanas e Natura. A primeira anunciou que sua subsidiária IF Capital fechou contrato para adquirir 70% das ações do Grupo Uni.co, atuante em varejo especializado de franquias no Brasil e dono das marcas Puket, Imaginarium, MinD e Lovebrands. As ações da Lojas Americanas subiam 1,79%. Já a Natura, que caía 0,28%, informou que fará um roadshow junto a investidores no exterior para captação de títulos de dívida (bonds) com compromissos de sustentabilidade. Já Vale ON perdia 0,15% e Petrobras ON subia 0,86% e PN, 0,76%.