Estadão

Ibovespa sobe na semana, mas fecha 1º trimestre com perda de 4,53%

O Ibovespa buscou recuperar as perdas do mês na última sessão de março, impulsionado pelos ganhos da Petrobras (ON +2,46%, PN +2,22%), em linha com a valorização em torno de 2% do petróleo no exterior. Apoiado na estatal, o índice conseguiu subir 0,33% e fechar aos 128.106,10 pontos, uma alta de 0,85% na semana.

Não foi o bastante: pressionado pelas perdas da própria Petrobras (ON -7,13%, PN -6,93%) no mês, devido ao temor de ingerência do governo na estatal, o índice de referência da B3 fechou março em queda de 0,71%. Esses receios respingaram em Vale ON, que perdeu 5,13% nesta base.

O índice chega ao fim do primeiro trimestre com perda de 4,53%, a maior desde o mesmo período do ano passado, pressionado pela expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vai demorar mais para cortar juros e pela persistente incerteza fiscal doméstica.

O mercado começou o ano não só esperando que o Fed começasse a cortar os juros em março, como também que reduzisse a taxa em até 1,5 ponto porcentual em 2024. Ao longo dos meses, as expectativas foram sendo frustradas e as estimativas migraram para um corte inicial em junho e uma baixa total de 0,75 ponto.

Para o sócio-fundador da Veedha Investimentos Rodrigo Moliterno, a incerteza doméstica também prejudicou o desempenho da Bolsa brasileira. O governo, ele diz, manteve o sinal de que pretende continuar aumentando gastos nos últimos meses, o que fortalece a desconfiança do mercado.

"O Brasil acabou ficando para trás nas disputas pelos recursos, seja por interferência governamental nas empresas, seja por desorientações no plano econômico", afirma.

Hoje, a recuperação do Ibovespa foi praticamente toda devida à Petrobras. As ações da empresa pegaram carona na elevação dos preços do petróleo, entre 2,23% (WTI) e 1,86% (Brent), que também puxou outras petroleiras, como Prio (ON +3,53%). Dos 87 papéis na carteira teórica, só 42 subiram.

Marfrig ON (+12,80%) teve a maior alta nominal na sessão, após divulgar balanço bem recebido pelo mercado, e Casas Bahia ON (+7,96%) ficou em segundo, em recuperação. Completam a lista das maiores altas Lojas Renner ON (+3,92%) e São Martinho ON (+3,78%).

Na ponta negativa do índice, Azul ON caiu 7,65%, apesar de um balanço considerado positivo. Na sequência, aparecem CVC ON (-4,29%), Braskem PNA (-3,72%) e LWSA ON (-2,83%).

Moliterno, da Veedha, diz que a oscilação contida do índice hoje – entre a mínima de 127.270,19 (-0,33%) e a máxima de 128.363,98 (+0,53%) – ainda reflete a cautela de fim de trimestre e a expectativa por dois acontecimentos amanhã: a divulgação do PCE americano, medida de inflação preferida do Fed, e uma coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell. O giro financeiro do dia ficou em R$ 21 bilhões.

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