Com salto de mais de 23% para a ação da Braskem nesta sexta-feira, 5, – em meio a rumores de que a Adnoc, maior petroleira dos Emirados Árabes, está se juntando ao fundo Apollo para formalizar proposta pelo controle da maior petroquímica da América Latina – e ganhos de 3% a 4% para as pesos-pesados do Ibovespa (Petrobras e Vale), o índice conseguiu chegar ao fim da semana acumulando ganho de 0,69% no intervalo e também no mês, após virtual estabilidade (+0,06%) na semana anterior.
Hoje, a referência da B3 escalou três andares em relação ao fechamento anterior e retomou o nível dos 105 mil pontos, no que foi seu maior nível de encerramento desde 18 de abril, então aos 106.163,23 pontos. Nesta sexta, oscilou entre mínima de 102.174,73, da abertura, e máxima de 105.305,64 pontos (+3,06%). Ao fim, mostrava alta de 2,91%, aos 105.148,48 pontos, em seu maior avanço em porcentual desde o último dia 11 (+4,29%). O giro financeiro subiu a R$ 28,1 bilhões na sessão. No ano, o Ibovespa ainda acumula perda de 4,18%.
"O Ibovespa voltou a operar acima dos 105 mil pontos, em dia de payroll relatório sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos e de declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mostrando confiança na aprovação do arcabouço fiscal até o final de maio e da reforma tributária, até o fim de junho, o que contribuiu para o otimismo da sessão. Apesar dos dados fortes sobre o mercado de trabalho americano, com peso sobre os juros do Fed, Nova York teve recuperação hoje, embalada pelas ações de bancos e também com balanços de algumas empresas, lá fora", diz Lucas Martins, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.
No exterior, o movimento foi pautado, desde a manhã, não apenas pela retomada parcial das ações de bancos regionais americanos, mas também pelo avanço dos papéis de tecnologia, após a Apple trazer números de vendas bons na tarde de ontem, aponta em nota a Guide Investimentos. Em Nova York, Dow Jones fechou hoje em alta de 1,65%, S&P 500, de 1,85%, e Nasdaq, de 2,25%, com os índices blue chip e amplo ainda acumulando perdas de 1,24% e 0,80% na semana, respectivamente, e o tecnológico em leve avanço de 0,07% no intervalo.
Em Wall Street, a ação do PacWest, que tombou no dia anterior em meio a dúvidas sobre a solvência de bancos regionais nos Estados Unidos, chegou a disparar mais de 80% à tarde, em meio a uma onda de compras técnicas. Nas redes sociais, operadores relataram intenção de promover um "short squeeze" no papel do banco regional, intensificando a pressão de compra sobre o ativo para forçar a saída de posições de operadores que fizeram vendas a descoberto – ante temores, que prevaleciam ontem, quanto à saúde financeira das instituições financeiras de menor porte nos EUA.
Assim, no exterior, com retomada do apetite por ativos de risco, houve recuperação parcial para o petróleo nesta sexta-feira, com o Brent e WTI em alta em torno de 4% no fechamento, mas ainda acumulando perdas na casa de 6% a 7% no intervalo, em meio a dúvidas sobre o ritmo de atividade global, em especial na China, grande consumidora da commodity. O dia também foi de retomada parcial para o setor metálico, muito pressionado na semana, em particular Vale, cuja ação subiu hoje 3,26%, ainda cedendo 4,64% no acumulado da semana. Petrobras ON e PN, por sua vez, avançaram 4,20% e 4,26% na sessão, obtendo ganhos de 0,45% e 1,27% na semana.
A sexta-feira foi amplamente positiva também para outro setor de peso no Ibovespa, o financeiro, com ganhos nas ações de grandes bancos que chegaram a 4,98% (Bradesco PN) no fechamento, mesmo com certa decepção dos investidores em relação ao balanço trimestral da instituição. Na ponta da carteira Ibovespa, além de Braskem (+23,62%), destaque para Petz (+15,99%), Alpargatas (+11,98%) e Soma (+11,23%). No lado oposto, Assai (-8,54%), Embraer (-2,48%), Cemig (-2,38%) e Carrefour (-2,00%).
A Adnoc, estatal de petróleo de Abu Dhabi, e o fundo de private equity americano Apollo querem comprar o controle da Braskem. Para tentar avançar com o negócio, ofereceram perto de US$ 7,2 bilhões – R$ 36 bilhões por uma das maiores petroquímicas do mundo, atualmente nas mãos da Petrobras e da Novonor (antiga Odebrecht). A esse preço, cada ação da empresa sairia a R$ 47, um prêmio alto em relação aos níveis atuais do papel, que havia fechado ontem em R$ 19,22, reportam os jornalistas Altamiro Silva Junior e Cynthia Decloedt.
Hoje, a ação da Braskem encerrou o dia cotada a R$ 23,76, com máxima na sessão a R$ 27,20. No leilão de fechamento, por meio de fato relevante, a empresa negou que tenha recebido uma proposta.
Depois de uma semana marcada pela volatilidade, os profissionais do mercado financeiro diminuíram o otimismo em relação ao desempenho que o Índice Bovespa terá nos próximos pregões. É o que aponta o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira, que traz uma redução de 50% para 37,5% nas estimativas de alta para o índice da B3 na semana que vem. Houve redução também nas apostas de queda para o índice, de 33,3% na semana passada para 25% nesta semana. Por outro lado, houve incremento na perspectiva de estabilidade para o Ibovespa, com um porcentual que saltou de 16,6% para 37,5% entre a semana passada e esta.