O Ibovespa chegou a retomar e sustentar a linha de 118 mil pontos pela primeira vez desde o começo de setembro, mas mostrou menos fôlego à tarde, quando se acentuaram as perdas em Nova York (superiores a 1% no fechamento), em meio à perspectiva hawkish para a política monetária dos Estados Unidos, o avanço de commodities como o petróleo e a falta de resolução visível para o conflito no leste europeu. Assim, a referência da B3 fechou o dia em leve alta de 0,16%, a 117.457,34 pontos, entre mínima de 117.036,14 e máxima de 118.269,79, saindo de abertura aos 117.269,91 pontos. O giro ficou em R$ 30,6 bilhões. Na semana, o índice avança 1,86%; no mês, 3,81%, e no ano, 12,05%.
Apesar das incertezas externas, o Ibovespa conseguiu emendar a sexta alta desde o fechamento do último dia 15, então aos 108.959,30. Nesta quarta-feira, no intradia, atingiu o maior nível desde 2 de setembro (119.396,59) e, no fechamento, o mais alto patamar desde o dia 6 daquele mesmo mês (117.868,63). Além do sexto avanço consecutivo, foi também a quarta renovação, em sequência, da máxima de encerramento do ano.
"Com o rompimento do topo anterior em 115 mil pontos, temos a confirmação de um pivô de alta no gráfico diário do Ibov", diz Pam Semezzato, analista técnica da Clear Corretora, para quem teria sido "saudável uma correção (hoje) para confirmar tendência forte de alta e descaracterizar a figura de alargamento".
A sequência atual é a melhor desde os sete ganhos consecutivos entre 8 e 16 de fevereiro, quando o Ibovespa ascendeu dos 112.234,46 aos 115.180,95 pontos – uma variação de 3,1 mil pontos, considerando o fechamento do dia 7 (111.996,40). Agora, o agregado das últimas seis sessões chega a 8,5 mil pontos, considerando o fechamento do dia 15.
Em sessão majoritariamente negativa para as ações de grandes bancos, e misto para mineração e siderurgia (Vale ON -0,22%), o desempenho de Petrobras (ON +0,97%, PN +1,36%) foi essencial para que o Ibovespa auferisse ganho, ainda que leve, no fechamento. Hoje, tanto a referência global (Brent) como a americana (WTI) tiveram alta na casa de 5%, com o Brent negociado acima de US$ 120 por barril. Na ponta do Ibovespa, destaque nesta quarta-feira para Soma (+7,15%), Lojas Renner (+5,54%), CVC (+4,52%), MRV (+3,41%), Magazine Luiza (+3,27%), 3R Petroleum (+2,95%) e PetroRio (+2,94%). No lado oposto, Fleury (-4,20%), BRF (-3,83%), Copel (-3,44%), Minerva (-3,26%) e Suzano (-2,38%).
"O mercado de petróleo está muito apertado. Com a produção dos Estados Unidos permanecendo estável – e como os estoques continuam a diminuir -, os preços do petróleo têm apenas um caminho a percorrer", observa em nota Edward Moya, analista de mercado financeiro da Oanda em Nova York.
No exterior, de forma geral, os mercados de ações fizeram hoje uma pausa no "forte movimento de recuperação que ganhou fôlego no fim da semana passada e seguiu ao longo do início desta", aponta em nota a Guide Investimentos, chamando atenção também para o dólar, ainda "apresentando desempenho misto contra emergentes", enquanto os investidores globais estão pesando maior probabilidade de um Fed mais duro no encontro do FOMC, comitê de política monetária do BC americano, em maio.
A presidente do Federal Reserve de San Francisco, Mary Daly, disse nesta quarta que o BC dos Estados Unidos está preparado para fazer o necessário para garantir a estabilidade de preços. Segundo ela, os dados vão dizer o quanto de aperto monetário é necessário no país, sem excluir alternativas. Daly acrescentou todas as opções permanecem na mesa, inclusive elevar a taxa de juros de referência, os Fed Funds, em 50 pontos-base.
Por sua vez, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, que na última reunião do FOMC votou por um aumento de 50 pontos-base, disse hoje ser necessário pensar "mais amplamente" sobre o aperto monetário nos Estados Unidos do que como foi feito no passado – e pontuou haver riscos, caso este tenha ritmo "devagar demais".