Estadão

Ibovespa tem instabildiade em meio a CPI dos EUA e a dúvidas sobre meta

O Ibovespa tem instabilidade e tenta ao menos defender o nível dos 109 mil pontos registrado mais cedo. O principal índice da B3 renovou máxima logo após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos para, em seguida, cair. A maioria dos componentes do índice de inflação ao consumidor de janeiro veio dentro do esperado, indicando desaceleração da inflação, com exceção do núcleo anual. Em Nova York, os índices futuros de ações também cediam de forma moderada.

Por ora, avalia Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, o CPI não "diz muita coisa". Em sua visão, será importante esperar sinais de membros do Fed e novos indicadores para alinhar as projeções para os juros norte-americanos. "Aqui, vemos o Campos Neto falando uma coisa e o PT, outra", diz, ao referir-se ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, que ontem afirmou que não apoia mudança nas metas de inflação.

O CPI dos Estados Unidos subiu 0,5% em janeiro ante dezembro. O resultado veio em linha com a mediana de analistas consultados pelo Projeções Broadcast. Apenas o núcleo do CPI, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, avançou 0,4% na comparação mensal de janeiro, também como previsto pelo mercado. Na comparação anual, o CPI dos EUA subiu 6,4% em janeiro, desacelerando levemente em relação ao ganho de 6,5% de dezembro. Já o núcleo do CPI teve incremento anual de 5,6% no mês passado, perdendo força ante o avanço de 5,7% de dezembro.

"O primeiro movimento é sempre falho. Ainda é muito cedo. Temos de acompanhar a reação dos mercados", reforça Felipe Cima – operador de renda variável da Manchester Investimentos. Para ele, aqui, "o mais importante" foi a sinalização de Campos Neto em entrevista ontem ao programa Roda Viva da <i>TV Cultura</i>. "Campos Neto disse que não pensa em subir a meta de inflação, indicando que tem espaço redução dos juros, e isso é interessante para a Bolsa", diz Cima.

O entendimento no mercado é que Campos Neto adotou uma postura conciliadora na entrevista, em meio aos recentes ataques do presidente Lula ao BC, à meta de inflação e aos juros altos. Porém, há o temor de que Lula e o PT mantenham suas críticas. Antes de viajar para a Bahia hoje, o chefe do Executivo iria se reunir com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No Estado baiano, lançará o novo Minha Casa, Minha Vida.

Apesar do tom conciliador do presidente do BC, a discussão sobre eventual mudança nas metas de inflação ficam no radar, dado que na quinta-feira o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne para debater o tema.

A queda do petróleo no exterior puxa para baixo as ações ligadas ao setor e nem mesmo a alta de 0,41% do minério de ferro em Dalian, na China, empolga. Somente Vale tentava subir (0,40%).

Já as ações do Banco do Brasil avançam acima de 4%, após informar o seu sétimo recorde trimestral seguido. No quarto trimestre, o lucro líquido ajustado da instituição somou R$ 9,039 bilhões, um aumento de 52,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. O montante ocorreu mesmo em um trimestre influenciado por provisões extraordinárias para a Americanas.

Às 11h17, o Ibovespa caía 0,21%, aos 108.605,24 pontos, após abertura os 108.838,52 pontos e máxima diária aos 109.564,11 pontos, em alta de 0,67%. Na mínima, marcou 108.541,79 pontos, em queda de 0,27%. Ontem, fechou em alta de 0,70%, aos 108.836,47 pontos, pelo segundo pregão seguido.

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