A espera dos mercados internacionais pela decisão de política monetária nos Estados Unidos, que joga marginalmente para baixo as bolsas norte-americanas para baixo, limita a alta do Ibovespa na manhã desta quarta-feira, 20.
"Os mercados devem ficar em compasso de espera, com os investidores evitando tomar muitas decisões, meio que se protegendo para suportar o que tiver de vir", avalia Mônica Araujo, estrategista de Renda Variável da InvestSmart XP, ao referir-se às decisões de juros aqui e no Brasil.
Antes das decisões de juros norte-americanos e no Brasil nesta quarta-feira, destaque a algumas ações de grandes bancos e ligadas ao setor de consumo, enquanto os juros futuros cedem. Isso porque a expectativa é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) corte a Selic mais uma vez em meio ponto porcentual, para 10,75% ao ano, no início da noite.
No entanto, há dúvidas sobre os próximos passos aqui e também nos EUA, onde espera-se que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) mantenha os juros no nível atual.
Conforme Mônica, da InvestSmart XP, o mercado ficará de olho se o Fed iniciará o corte de juros mesmo neste ano e em qual magnitude. "O Powell tem indicado uma inclinação maior a manter a expectativa de cortes ao longo do ano, de 0,75 ponto porcentual total. Mas não há certa unanimidade em relação a isso", avalia, referindo-se ao presidente do Fed, Jerome Powell.
Em meio a essas expectativas pelo Copom e o Fed, há certa volatilidade do Índice Bovespa que, mais cedo tocou o nível dos 128 mil pontos. Ontem, fechou em alta de 0,45%, aos 127.528,85 pontos.
Ainda fica no foco o aumento no índice de reprovação do governo Lula, o que pode ensejar expansão dos gastos e elevar as incertezas fiscais, no momento de dúvidas com as receitas. O Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado calcula que as receitas do governo ficaram R$ 12,2 bilhões abaixo do esperado no primeiro bimestre.
Na avaliação de Álvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, essas incertezas podem gerar desconforto nos mercados em algum momento. "Mas acho que está meio ajustado, mas afeta o curto prazo", pondera.
O analista Bruno Takeo, da Ouro Preto Investimentos, vai na mesma direção. "Acho que sim pode pesar, mas talvez não vejamos muito disso agora. As NTNBs já precificam um risco relevante. O principal driver para cortar juros por enquanto é lá fora, nos EUA", diz, ao referir-se a eventuais alterações na direção da Selic.
Apesar da alta de 1,23% do minério de ferro em Dalian, na China, onde o banco central manteve suas principais taxas de juros inalteradas na noite de ontem, as ações da Vale cedem, em meio ao noticiário envolvendo a empresa. A Vale informou que "avaliará oportunamente" os termos de uma ação judicial movida na Holanda contra a sua subsidiária integral, a Vale Holdings BV.
Já as ações da Petrobras recuam, diante da queda do petróleo acima de 1,00%, depois de ganhos recentes.
Quanto ao Copom, a fica a atenção no comunicado após a decisão de juros. Isso porque o colegiado tem mantido a sinalização de que o ritmo de corte de 0,50 ponto porcentual continua sendo o mais apropriado para as próximas reuniões – no plural.
"Aqui, temos um pouco mais de visibilidade quanto ao Copom. Porém, temos algumas questões que podem estar gerando essa expectativa em relação ao comunicado. No entanto, a dúvida é a magnitude das próximas quedas da Selic e qual será o juro no final do ciclo, mas não vejo uma mudança na trajetória de queda", avalia a estrategista de Renda Variável da InvestSmart XP.
Nos EUA, ficam também as atenções no comunicado do Fed e na entrevista com Jerome Powell.
"Aparentemente não teremos nenhuma grande surpresa em relação ao Fed e ao Copom, mas a surpresa pode vir no comunicado, com alguma sinalização futura", diz Álvaro Bandeira.
Às 11h17, o Ibovespa caía 0,04%, aos 127.482,06 pontos, ante mínima aos 127.467,58 pontos (-0,05%), depois de subir 0,39%, com máxima aos 128.029,53 pontos. Vale cedia 0,62% e Petrobrás perdia 0,11%. Algumas ações de bancos subiam, caso de Bradestco ON, com 0,55%. No ramo de consumo, Casas Bahia e Pão de Açúcar subiam quase 4,00%.