O Ibovespa conseguiu sustentar no fechamento a linha dos 119 mil pontos pelo segundo dia, nos maiores níveis desde o começo de setembro, acumulando na semana ganho de 3,27%, semelhante ao da semana anterior, quando havia avançado 3,22%. Nesta sexta, a referência da B3 fechou bem perto da estabilidade (+0,02%), a 119.081,13 pontos, entre mínima de 118.548,49 e máxima de 119.728,70 pontos, ainda o maior nível intradia desde 1º de setembro (119.941,95). O giro foi de R$ 35,0 bilhões. No mês, o Ibovespa acumula agora alta de 5,25% e, no ano, 13,60%.
Nesta sexta-feira, o índice oscilou em torno dos 119 mil pontos, entre leves ganhos e perdas ao longo da tarde, parecendo inclinado a uma pausa após sete altas consecutivas, nas quais acumulou avanço de pouco mais de 10 mil pontos – com o leve ganho de nesta sexta, a série positiva chega a oito sessões. Apesar da extensão da série vencedora, o Ibovespa ainda mostra força na compra, com resistência na região dos 119 aos 120 mil pontos, aponta Pam Semazzato, analista técnica da Clear Corretora.
O dólar, por sua vez, testou na quinta-feira o suporte de R$ 4,800 e "deixou um candle de indecisão". "Segue ainda em tendência de baixa, mas espero por uma correção desse último movimento de queda, que já está com sete pregões consecutivos", acrescenta a analista. Com o fechamento desta sexta-feira, a série chega agora também a oito pregões: nesta sexta, o dólar à vista fechou em baixa de 1,75%, a R$ 4,7473.
Nesta sexta, ações de exportadoras como Klabin (-6,13%) e Suzano (-6,00%), com exposição a receitas em dólar, seguraram a ponta negativa do Ibovespa, ao lado de JBS (-3,72%) e Marfrig (também -3,72%). No lado oposto, Cogna (+19,48%), após o balanço do quarto trimestre, à frente de Yduqs (+9,05%), Azul (+6,82%) e Cyrela (+6,81%).
Apesar do dia majoritariamente negativo para as ações de commodities (Petrobras PN -0,37%, Vale ON -1,73%) e de siderurgia (Usiminas PNA -3,13%, Gerdau PN -0,97%), mas ao final positivo para a maioria dos grandes bancos (Bradesco ON +1,32%, Unit do Santander +2,90%, na máxima do dia no fechamento), as alocações na B3 continuam a ser beneficiadas pelo movimento de rotação global em direção a "empresas cíclicas e de valor", aponta Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, em meio à perspectiva restritiva para a política monetária nos Estados Unidos, "após posicionamentos mais duros contra a inflação por parte de diretores do Banco Central (americano)".
"A bolsa brasileira acaba atraindo fluxo de capital estrangeiro como resultado de diversos movimentos conjuntos: alta de commodities, expectativas positivas para setores cíclicos da economia, ativos relativamente desvalorizados, e a própria alta da nossa taxa básica de juros", acrescenta. Até o dia 23 de março, no ano, o fluxo de ingresso estrangeiro na B3 chega a R$ 84,945 bilhões.
Na agenda desta sexta-feira, destaque para o IPCA-15 de março, divulgado pela manhã: a alta de 0,95% foi a maior prévia para a inflação oficial do mês desde 2015, quando a leitura preliminar havia ficado em 1,24%. De acordo com os dados do IBGE, foi também a maior taxa em 12 meses, a 10,79% em março, desde fevereiro de 2016, quando o IPCA-15 estava em 10,84%.
"A principal surpresa aconteceu nos preços de alimentação no domicílio, que subiram 2,51%, muito à frente da nossa projeção, de 1,8%", observa em nota a equipe da Terra Investimentos. "A abertura, em contraste, foi mais benigna que em divulgações anteriores na medida em que houve algum alívio na dinâmica dos núcleos de inflação", acrescenta a casa.