O Ibovespa sobre moderadamente, em meio à leve alta dos índices de ações em Nova York e do petróleo. Sem grandes motivadores e agenda de indicadores escassa internamente, o Índice Bovespa tenta rever um pouco das recentes. Ainda assim, caminha para fechar a semana com queda, por ora, de quase 2,40%, depois de subir 0,43% na passada.
Diante de incertezas relacionadas à taxa Selic e à meta de inflação, fica no foco a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em palestra de seminário do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), à tarde.
Os investidores ficarão atentos a eventuais sinais de Campo Neto para a política monetária interna, após o placar dividido no Comitê de Política Monetária (Copom) de maio e sobre a meta de inflação, cita André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Nesta semana, a afirmação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a "exigentíssima e inimaginável" meta de inflação de 3% levantou suspeitas no mercado de alteração do alvo.
"Vamos ver se o Campos Neto dará algum sinal de parada de corte da Selic e se mencionará algo sobre a meta. Desde que o Haddad indicou possível mudança, o mercado quer entender isso direito, embora não acredite em alteração", avalia Rocha.
A moderação dos ativos no exterior reflete um certo compasso de espera dos investidores por sinais sobre a política monetária americana, antes do feriado de segunda-feira nos Estados Unidos (Memorial Day), quando os mercados fecharão.
Prosseguem crescentes as possibilidades de não haver corte dos juros neste ano nos EUA. Neste sentido, ajudam a elevar essas dúvidas e a limitar a alta das bolsas e o recuo dos rendimentos dos Treasuries americanos alguns indicadores informados hoje por lá, o que respinga no Ibovespa.
As encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos subiram 0,7% em abril ante março. O resultado surpreendeu analistas consultados, que esperavam queda de 0,6%.
Já o índice de sentimento do consumidor nos Estados Unidos, elaborado pela Universidade de Michigan, recuou a 69,1 na leitura final de maio, ante 77,2 em abril. O resultado foi maior que o dado preliminar e que a previsão de analistas, de 67,4. As expectativas para a inflação no intervalo de cinco anos se mantiveram em 3,0% em maio, como esperado e como preliminarmente informado, dando certo alívio aos mercados. Ainda hoje haverá discurso do diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) Christopher Waller.
Nesta manhã as ações da Petrobras e da Vale, além de outras mineradoras e siderúrgicas avançam. No caso do setor metálico, seguem perspectivas positivas para o minério de ferro. Além disso, o conselho de administração da Vale aprovou a contratação da Russell Reynolds, empresa de consultoria de padrão internacional, para assessorar o colegiado na seleção do novo presidente da companhia.
"O mercado vê como positivo, pois foge da indicação política de um nome para ocupar a presidência da Vale", avalia o operador de renda variável da Manchester.
Já o Conselho de Administração da Petrobras aprovou o nome de Magda Chambriard como presidente da empresa, em meio à articulação de acionistas estrangeiros dispostos a contestar a mudança de comando na estatal. Isso também é bem visto, ainda que o mercado prefira esperar para ver como será a direção conduzida por Magda.
Ontem, tanto os papéis da Vale como os da Petrobras fecharam em baixa, ajudando o Ibovespa a encerrar com a quinta queda seguida. O principal indicador da B3 terminou a sessão com recuo de 0,73%, aos 124.729,40 pontos.
Às 11h25, Vale subia 0,86% e Petrobrás avançava entre 0,41% (PN) e 0,34% (ON), após a virada do petróleo para cima. CSN ON tinha o maior ganho do setor metálico, de 3,05%. O Ibovespa subia 0,31%, aos 125.116,54 pontos.