O Ibovespa sobe, tentando dar sequência ao oitavo dia seguido de alta, na esteira da valorização da maioria das bolsas em Nova York e na Europa, além da elevação de algumas ações ligadas a commodities metálicas. Além do exterior, o recuo do dólar – mais uma vez – e dos juros futuros amparam o índice Bovespa. Vale destacar alta de papéis ligados ao consumo, após a divulgação do IPCA-15 e ainda na esteira do petróleo, caso de aéreas, com valorização em torno de 4%, bem como Americanas. No entanto, o ganho do Ibovespa é limitado pelo recuo dos papéis da Petrobras, em torno de 0,7% (PN) e de 0,30% (ON), seguindo declínio do petróleo no exterior.
O dólar ante o real cai aquém de R$ 4,80. "Segue cedendo pela alta procura por ativos brasileiros. Há uma saída de países com risco alto e alocação em emergentes como o Brasil", afirma Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3.
Por isso, moderação, por ora, é a palavra-chave para o comportamento do Ibovespa no começo desta sexta-feira, que normalmente já deixa o investidor menos afoito ao risco. Além disso, a agenda de indicadores com menos força para mexer com os negócios.
"Os índices de Nova York estão mistos todos sobem, com exceção do Nasdaq, o que traz volatilidade", diz o analista da Blue3. Ele lembra que a visita do presidente dos EUA, Joe Biden, à Europa, é acompanhada com afinco, no sentido de eventualmente resultar em acordos de cessar-fogo na Ucrânia. "As bolsas europeias sobem pois não há novas sanções, o que não deve afetar a oferta de energia", cita Esteves.
Os Estados Unidos e União Europeia (UE) anunciaram, nesta sexta-feira, um plano conjunto para diversificar as fontes de energia da Europa e reduzir a dependência dos países da região de importações de combustível da Rússia.
"O acordo traz um pouco de calmaria e já resvala em ativos do setor petrolífero na Bolsa" diz Esteves.
No entanto, prosseguem temores inflacionários e incertezas sobre um cessar-fogo na Ucrânia. Neste sentido, ganham atenção especial aparições públicas de dirigentes do Federal Reserve Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que parecem cada vez mais defensores de um aperto monetário mais veloz.
No Brasil, o IPCA-15 desacelerou em março, mas ainda mostrou um alto nível de difusão, como avalia o economista-chefe da Necton. "A quantidade de subitens (ou seja, no nível do produto) chegou a 75,48%, o maior valor desde fevereiro de 2020 pelo menos", avalia em relatório. Por isso, atenção redobrada no presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que faz palestra em videoconferência do Banco Central do Peru e do BIS.
No entanto, o leve arrefecimento do IPCA-15 para 0,95%, ante 0,99% em fevereiro (acima da mediana de 0,86%) traz algum alívio em ações de consumo que sofreram bastante durante a pandemia. Além disso, indicação de Campos Neto de que o fim do ciclo de alta do juro básico pode ocorrer em maio, também tende a reforçar percepção de alívio. Atualmente, a Selic está em 11,75% e, para o próximo Copom, espera-se que vá a 12,75% ao ano.
"No Brasil, os sinais explícitos do BC de fim de ciclo de alta dos juros em maio ainda devem pesar, segurando os DIs e a queda do dólar. O Ibovespa segue beneficiado neste contexto, mas os fortes ganhos dos últimos dias e a cautela externa favorecem certa acomodação", avalia o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências, em relatório.
Para completar, a alta de quase 3,5% do minério de ferro em Cingapura, negociado a US$ 154,05 por tonelada, dá algum fôlego.
De todo modo, como detalha Antônio Sanches, especialista em investimentos da Rico, a Bolsa brasileira segue atraindo um fluxo de capital estrangeiro como resultado de diversos movimentos juntos. "Alta de commodities no mundo; expectativas positivas para setores que costumam crescer junto com a atividade econômica, como bancos e commodities (de novo); ativos relativamente desvalorizados; e finalmente, a própria alta da nossa taxa básica de juros – em 11,75% ao ano, rumando os 12,75% em maio", menciona em nota.
Às 11h05, o Ibovespa subia 0,25%, aos 119.352,76 pontos.