Já na largada do pregão desta segunda-feira, o Ibovespa recuperou não apenas os 115 mil pontos, mas também os 116 mil pontos, com alta quase geral em sua carteira. O movimento reflete o ambiente tranquilo no exterior que também empurra o real para cima e os juros futuros para baixo, com taxas renovando mínimas.
Investidores ainda se apoiam na expectativa de retomada de parte da pauta de reformas após os manifestos contrários ao presidente Jair Bolsonaro, ontem, considerados fracos. Conforme o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, as manifestações "foram aquém daquilo que podia se esperar." Segundo Mourão, a semana começa com clima institucional melhor em relação à anterior, ao referir-se ao período tumultuado iniciado durante os protestos de 7 de setembro.
De acordo com o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, o Ibovespa precisa recuperar de vez os 115 mil pontos para avançar aos 118 mil pontos e, em seguida, ir para os 121 mil pontos. Nesta faixa, diz em relatório, é que o índice pode sugerir uma recuperação mais firme. Na sexta-feira, o Ibovespa encerrou com queda de 0,93%, aos 114.285,93 pontos.
As bolsas europeias e de Nova York avançam, após recuos e em dia de agenda esvaziada. "O que vimos na semana passada foi um movimento de quedas, hoje o mercado já volta reagindo no positivo ao passo que os casos da variante Delta estão desacelerando nos EUA e o investidor por lá está atento ao dado de inflação que será divulgado amanhã", observa em nota Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora. O dado, explica, é importante para calibrar a expectativa da manutenção ou retirada dos estímulos monetários nos Estados Unidos.
Além do exterior, o investidor da B3 aproveita a trégua da crise político-institucional, ainda refletindo o recuo do presidente Jair Bolsonaro após ataques ao STF na semana passada. Também neste contexto e levando em conta o número reduzido de pessoas nos manifestos contra Bolsonaro ontem em algumas partes do País, especialistas esperam que a pauta econômica seja destravada.
"É o grande driver de hoje. O que ocorreu no fim de semana traz uma pausa na agenda tumultuada e a tendência é de alta do Ibovespa, de recuperação das perdas recentes", diz Jayme Carvalho, planejador financeiro e conselheiro da Planejar. "O que o País precisa é de uma calma institucional depois de uma semana tumultuada pós 7 de setembro. O sinal do Executivo Carta de Bolsonaro à Nação fez com que os mercados melhorassem. A continuidade desse movimento pode ser temporária, mas é bom que se abra essa agenda de reformas", afirma.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que se reunirá esta semana com os presidentes das duas Casas do Congresso e do STF para discutir a pauta sobre os precatórios. Além disso, espera-se votação pela comissão especial da Câmara da reforma administrativa e andamento da agenda econômica.
Como reforça Júlia Aquino, especialista em investimentos da Rico, o foco no Brasil se volta para a discussão de precatórios no Congresso.
A despeito deste foco de atenção, a continuada pressão inflacionária no Brasil fica no radar. Hoje, a pesquisa Focus mostrou que a projeção mediana para IPCA fechado em 2021 subiu de 7,58% para 8,00%, bem acima do teto da meta. Já para 2022, foi a 4,03%. Consequentemente, a estimativa para a Selic 2021 subiu de 7,63% para 8,00% ao ano.
Em contrapartida à valorização do petróleo no exterior, o minério de ferro fechou em baixa na China. No porto chinês de Qingdao, caiu 4,53%, a US$ 123,84 a tonelada. O investidor ainda acompanha os desdobramentos da notícia de que as Procuradorias Gerais de 11 Estados e do Distrito Federal entraram com uma ação civil pública, em caráter de urgência, para suspender do site da Petrobras por propagar propagandas supostamente enganosas em relação à composição de preços dos combustíveis.
Às 10h41, o Ibovespa subia 115.635,24 pontos, após máxima intradia aos 116.210,76 pontos. Depois de ter apenas três ações em queda, no horário citado este número já subia: eram 9 papéis que cediam. Dentre eles, Vale ON (-0,21%).