Estadão

Ibovespa vai às mínimas após alta de combustíveis e eleva temor inflacionário

O anúncio de alta nos preços dos combustíveis pela Petrobras há pouco empurrou o Ibovespa para as mínimas, com o índice perdendo a marca dos 113 mil pontos da abertura e, mais à frente, os 112 mil pontos. Além disso, as ações da Petrobras reduziram a velocidade de alta, enquanto as de varejo/consumo e do setor financeiro acentuaram as perdas, em meio a temores com o impacto do aumento na já pressionada inflação doméstica.

De acordo com a Petrobras, a gasolina terá 18,7% na refinarias, de R$ 3,25 para R$ 3,86 a partir de sexta-feira. Já o diesel terá alta de 24,9% e o GLP, de 16%. Segundo a estatal, a reajustes são necessários para evitar risco de desabastecimento no País. O aumento reforça a percepção de inflação maior e de uma Selic, também.

Segundo o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, o mercado não gostou, vide a reação da Bolsa, dos DIs, das ações de bancos e de varejo. "Sentindo a inflação", diz, ressaltando que possivelmente logo, logo o presidente Jair Bolsonaro poderá questionar o aumento.

Ainda que as ações da Petrobras permaneçam em alta, diminuíram a velocidade após a divulgação do aumento pela estatal. Chegaram a subir perto de 6% e agora avançam acima de 1%.

Para Victor Hugo Israel, especialista em renda variável da Blue3, em boa medida, o reajuste já era esperado pelo investidor da estatal. Porém, diz, gera incerteza.

"O aumento era inevitável devido ao aumento do barril de petróleo, que quase chegou a US$ 140. Foi um reajuste forte. Causa dúvidas quanto a como ficará o lucro da empresa em meio a este cenário. Tem ainda questões políticas em jogo que geram mais incertezas, provocando volatilidade nos papéis", avalia Israel. Outro ponto, acrescenta, é o temor de estagflação – inflação alta com crescimento baixo -, o que pesa nos setores de consumo, aéreo e bancário.

Às 11h14, o Ibovespa cedia 1,62%, aos 112.055,88 pontos, ante mínima diária aos 111.933,55 pontos (-1,73%).

Além de questões internas, o cenário externo reforça queda do Ibovespa. Cautela internacional após a reunião entre representantes russos e ucranianos terminar sem sucesso no que diz respeito ao fim do conflito entre os dois países impera nos mercados. A falta de um consenso joga os ativos acionários para o negativo e eleva as cotações do petróleo, após cederem 10% ontem. Hoje sobem em torno de 4%.

"Investidores internacionais mostram uma postura mais defensiva. Isso tem a ver com uma frustração em relação a expectativa de uma solução diplomática do conflito na Ucrânia, mas também com cautela antes da divulgação de dados econômicos", avalia o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, em análise matinal.

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