Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff deverá ir a Nova York para abertura da 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas em mais um movimento de campanha. Aconselhada por seu comitê político, pretende fazer o tradicional discurso de abertura da assembleia e participar de uma cúpula de chefes de Estado sobre mudanças do clima, em uma ação que lhe daria uma visibilidade que os concorrentes mais próximos não têm.
A campanha petista, no entanto, teme que esse palanque internacional possa ter que ser dividido com a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, sua principal concorrente. Membro de um comitê de assessoramento da ONU sobre o clima, Marina também foi convidada para a Cúpula, como observadora. Mas ainda não decidiu se irá.
No primeiro semestre deste ano, quando as pesquisas indicavam que ainda venceria no primeiro turno, Dilma não planejava nenhuma viagem internacional até novembro, depois do segundo turno. No entanto, com as mudanças na situação eleitoral, o comitê de campanha quer que a candidata compareça à ONU e aproveite a vitrine global à sua disposição para reafirmar-se perante a opinião pública como chefe de Estado preocupada com questões internacionais, além de defender as diretrizes de sua política externa e exaltar conquistas do governo.
Além da Assembleia Geral, onde tradicionalmente o presidente brasileiro faz o discurso de abertura, logo antes do presidente americano, Dilma teria chance de se sobressair em uma área em que Marina domina, a questão ambiental. A cúpula sobre o clima foi chamada pela ONU para que os chefes de Estado apresentem o que seus países têm feito para evitar o aquecimento global.
Mas Dilma teme levar em Nova York o mesmo “susto” de 2012, quando Marina surgiu na abertura dos Jogos Olímpicos de Londres carregando a bandeira olímpica. Na ocasião, a ex-ministra do Meio Ambiente estava acompanhada do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Segundo auxiliares de Dilma, existe até a possibilidade de a petista aproveitar a passagem pelos Estados Unidos para se encontrar com a comunidade brasileira que vive em Nova York – uma atípica e inusitada agenda de campanha, fora do Brasil. No segundo turno das eleições de 2010, Dilma obteve apenas 26,48% dos votos válidos dos brasileiros que compareceram às urnas em Nova York. Em Washington, o apoio à sua candidatura foi ainda menor: 21,15%. (Colaboraram João Domingos e Vera Rosa)