O economista-chefe do Banco BMG, Flavio Serrano, avalia que houve surpresa negativa com o Investimento Direto no País (IDP) na leitura de agosto, que somou US$ 4,244 bilhões. O resultado ficou abaixo da mediana das estimativas colhidas pelo <i>Projeções Broadcast,</i>, que apontava para ingresso líquido de US$ 6,0 bilhões, com intervalo entre US$ 3,0 bilhões e US$ 8,0 bilhões.
O economista lembra, porém, que, como não houve divulgação parcial dos resultados pelo Banco Central ao longo do mês, as projeções ficaram prejudicadas. "De qualquer forma, não muda o cenário confortável para as contas externas. Por mais que haja frustração em uma ou outra leitura, em um período mais longo o IDP sempre é suficiente para financiar o déficit em transações correntes", avalia Serrano.
Em julho, o saldo negativo das transações correntes ficou em US$ 3,605 bilhões, resultado menos deficitário do que a mediana das estimativas, que apontavam déficit de US$ 4,0 bilhões, com intervalo entre US$ 8,807 bilhões e US$ 700,0 milhões. "A balança comercial de bens foi novamente o destaque, compensando as saídas com pagamento de juros da dívida externa, que acontecem com mais força nos meses de janeiro e julho", pontua o economista.
A projeção de Serrano segue sendo de que, ao final do ano, o déficit em transações correntes líquidas seja residualmente abaixo do equivalente a 2,0% do Produto Interno Bruto (PIB). "O risco que fica, e é mais para 2024, é em relação ao preço das commodities, a depender do comportamento da economia chinesa", destaca o analista. "Pode fazer com que o saldo positivo da balança comercial seja menos significativo do que neste ano, levando a um déficit em conta corrente maior."