Ilona Becskeházy, ex-comentarista da rádio <i>CBN</i> e consultora de educação, assumirá a secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC). Quem estava no cargo era Janio Macedo, que pediu demissão na quinta-feira, 9. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, ele estava descontente havia meses por discordar de posições adotadas pelo ministro Abraham Weintraub.
Ilona já vinha se posicionando fortemente a favor da atual gestão do MEC em redes sociais, onde defende políticas do governo Bolsonaro e de Weintraub – e faz críticas à imprensa. Ela é mestre e doutora em política educacional, com pesquisa sobre o modelo de ensino de Sobral, no Ceará.
Desde o início do governo Bolsonaro, Ilona se aproximou do MEC. Ela fez parte de uma comissão que ajudou a construir a política de alfabetização no ano passado. Há alguns anos, foi diretora da Fundação Lemann e acabou se firmando como especialista em educação.
Recentemente, no entanto, passou a ser vista com desconfiança no meio educacional por defender publicamente ações polêmicas da atual gestão do Ministério e atacar pelas redes quem discordava delas.
Um exemplo foi o programa de escolas cívico-militares, criticado pela maioria dos educadores por atender grupo pequeno de estudantes e ter ensino baseado no rigor e disciplina. Nos bastidores, muitos têm dito que ela pretende chegar ao cargo de ministra, algo que Ilona nega.
A informação oficial do MEC é a de que Macedo deixou a pasta por questões pessoais. Mas o jornal O Estado de S. Paulo apurou que ele não aguentava mais as demandas da pasta, inclusive com pedidos de mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "Ele não tinha autonomia para fazer e falar nada sem passar pela filtragem ideológica e política do ministro Weintraub", diz uma fonte ligada ao ministério.
O secretário de ensino básico é um dos cargos mais importantes no órgão porque cuida justamente da interlocução com Estados e municípios, responsáveis pelas escolas públicas do País. Apesar de não ser da área da educação – Macedo é concursado do Banco do Brasil – era um dos poucos considerado "bem intencionado" na equipe por secretários de educação e outros especialistas da área.
A demissão causou preocupação. O jornal O Estado de S. Paulo procurou Macedo, mas ele não retornou às ligações.
Em pouco mais de um ano de governo Bolsonaro, o MEC já passou por diversas mudanças em cargos importantes, o que atrapalha a continuidade de projetos. Recentemente Weintraub trocou também seu secretário de Educação Superior.
Nesta semana, o ministro completou um ano no cargo, sem ter apresentado nenhuma grande política educacional e com muitos desafetos. Sua principal características são os comentários polêmicos nas redes sociais, sobre assunto diversos e não necessariamente sobre educação.
No sábado, Weintraub usou uma imagem de Cebolinha, da Turma da Mônica, na Muralha da China. Substituindo o "r" pelo "l", ele fez referência ao modo de falar do personagem, para insinuar que se tratava dos chineses.
O ministro disse que o país asiático sairia fortalecido da crise atual causada pelo coronavírus. A Embaixada da China no Brasil se manifestou dizendo que as "declarações são completamente absurdas e desprezíveis, que têm cunho fortemente racista e objetivos indizíveis, tendo causado influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais China-Brasil." As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>