A Venezuela intensificou as compras de carne bovina de Mato Grosso em junho, mas o movimento pode ter sido pontual e não se repetir em julho, disse Ângelo Luís Ozelame, analista do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Em entrevista à reportagem, ele afirma que é difícil prever o consumo do país vizinho. “A Venezuela tem uma sazonalidade muito grande na compra dos produtos. É uma característica dela, que comprou mais carne em junho”, afirma.
O incremento da compras pela Venezuela fez o Estado de Mato Grosso fechar junho com 28,3 mil toneladas equivalente carcaça (TEC) vendidas e receita de US$ 99,9 milhões, segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Os números representam aumento de 20,5% em volume e de 29,4% em receita em relação a maio deste ano. Segundo Ozelame, em junho o país dobrou os volumes comprados, passando de 3 mil TEC para 6 mil TEC.
Ozelame afirma que é difícil precisar o que leva a Venezuela a reduzir e aumentar bruscamente suas compras, mas cita a dependência do petróleo como um dos fatores a serem considerados. Os preços da commodity caíram pela metade no segundo semestre do ano passado, afetaram a economia do país e ainda seguem em nível patamar muito inferior ao registrado em 2014. Mas a forte oscilação nas compras não é recente. “Em agosto de 2014 eles compraram 10 mil toneladas. Em setembro, o número caiu para 800 toneladas. Em outubro, foram 8 mil toneladas. A sazonalidade da compra é algo deles, mas sabemos que o governo passa por problemas”, afirma o analista. “Isso dificulta previsões (de exportação), sem sombra de dúvida.”
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) indica que o país latino-americano aumentou em 112% suas importações do Brasil em junho, para 11,8 mil toneladas, no comparativo mensal. O dado considera a carne in natura, cortes salgados, industrializados e miúdos. Em menor proporção, outros países contribuíram para a melhora nas vendas externas a partir de Mato Grosso. Segundo o Imea, a Rússia elevou suas compras para 3,9 mil TEC, de 3,2 mil TEC em maio. Já a China e Hong Kong compraram 3,3 mil TEC, de 2,8 mil TEC no mês anterior.