Saúde

Impacto pós-Covid no cérebro equivale a envelhecimento de 10 anos, revela estudo

Um estudo conduzido por pesquisadores do King’s College London revelou que os efeitos pós-covid na atividade cerebral são tão fortes que equivalem a um envelhecimento de 10 anos. A pesquisa mostrou ainda que, mesmo após dois anos, indivíduos que foram infectados pelo Coronavírus continuaram experimentando repercussões em suas atividades cerebrais.

Publicado no periódico científico The Lancet, o estudo analisou o impacto da chamada “Covid prolongada” em três grupos distintos: pessoas que nunca foram infectadas, aquelas que se consideravam totalmente recuperadas e aquelas que continuavam a sentir os efeitos persistentes do vírus.

Os participantes foram submetidos a testes de desempenho cognitivo, incluindo avaliações de memória de trabalho, atenção, raciocínio e controle motor. As avaliações foram realizadas no período de 12 de julho a 27 de agosto de 2021, bem como entre 28 de abril e 21 de junho de 2022. Ao todo, mais de 3.300 pessoas participaram do estudo.

Os resultados indicaram que aqueles que foram afetados pelos sintomas da Covid-19 por três meses ou mais apresentaram um desempenho inferior nessas tarefas, quando comparados àqueles que tiveram sintomas por um período mais breve.

O GuarulhosWeb entrevistou Wallacy Figueiredo, morador do Jardim Tranquilide que contraiu Covid-19 em 2020. O jovem de 21 anos precisou ser internado em razão dos fortes sintomas respiratórios causados pela doença. Wallacy revelou que, dias após a internação, suas funções pulmonares voltaram ao normal, no entanto, sua cognição nunca mais foi a mesma.

“Eu sou comerciante. Sempre fui uma pessoa muito focada e atenta. Mas desde a Covid, tenho dificuldades em administrar minha loja. Precisei até em um novo funcionário para me ajudar. Mexer com números se tornou uma tarefa muito complexa para mim desde aquele episódio”, contou.

Guilherme Fernandes de Sá, de 33 anos, também compartilha do sofrimento de Wallacy. O morador do Parque Cecap é técnico de informática e precisou se afastar de suas funções em 2021, depois de contrair o Coronavírus. “Voltei a trabalhar pouco tempo depois, mas quem disse que as coisas voltaram ao normal? Nem parecia que eu trabalhava na área há mais de 10 anos. Me sentia um novato. Muitas coisas tinha esquecido, outras, que sempre tive facilidade, do nada se tornaram difíceis”, revelou Guilherme.

Embora o comprometimento cognitivo após infecções seja algo já conhecido, ainda não se sabe ao certo se esses déficits melhoram com o tempo. Estudos anteriores focaram principalmente em pacientes hospitalizados, com acompanhamento de até um ano. Portanto, os efeitos em casos comunitários, incluindo sua presença, magnitude, persistência e correlações, permanecem pouco explorados até o momento.

Foto: jarmoluk/Pixabay

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