Após um ano de forte contração nos investimentos, a importação de bens de capital deve sentir novo baque em 2016. Longe de um cenário favorável à retomada, o volume desses bens adquiridos do exterior deve cair 25% neste ano, de acordo com estimativa da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei) antecipada pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
A retração nas importações de bens de capital prejudica a capacidade produtiva da indústria nacional, que muitas vezes depende de tecnologia importada para elevar sua competitividade, destaca a Abimei. Diante das dificuldades, a entidade ressalta que a recuperação do setor deve acontecer só na próxima década.
“Com base na realidade do mercado e na clara falta de ação do governo federal, é irrealista esperar que voltemos ao patamar anterior a esta crise antes de 2020, exceto se houver alguma mudança abrupta no cenário”, observa o porta-voz da Abimei, Ennio Crispino.
Pela previsão, o resultado de 2016 repetirá o mau desempenho visto em 2015, quando as importações de bens de capital encolheram iguais 25%, segundo a entidade. O faturamento do setor, por sua vez, caiu 20% em termos nominais.
Por isso, este ano é considerado um dos piores da história para os importadores de máquinas e equipamentos. A desvalorização de quase 50% do real ante o dólar (que torna os equipamentos importados mais caros), a elevação da taxa de juros e a baixa confiança dos empresários foram fatores que pesaram sobre os resultados e devem persistir no ano que vem.
O balanço anual de 2015 mostra retração em todos os segmentos de bens de capital, além de uma tendência acentuada de queda na maioria deles. Maquinaria industrial, por exemplo, registra queda superior a 35% em relação a 2014. Acessórios para maquinaria, por sua vez, têm redução de 56%.
A queda menos intensa está nas partes e peças para bens de capital (12% a menos do que em 2014). “Isso demonstra que as empresas estão direcionando o foco para manutenção, em uma tentativa de recuperar caixa perdido em 2015, em vez de investir em novos equipamentos”, avalia a Abimei.