A Prefeitura de Guarulhos concluiu nesta sexta-feira (29) a 2ª Conferência Municipal de Saúde Mental, sob o tema “A Política de Saúde Mental como Direito: Pela defesa do cuidado em liberdade, rumo a avanços e à garantia dos serviços da atenção psicossocial no SUS”. A iniciativa, que ocorreu na UNG – Univeritas Guarulhos, buscou avaliar a situação da saúde mental no município a fim de elencar, em sistema de rede, propostas de melhorias a partir das necessidades da população.
A ideia é fomentar o diálogo entre usuários, familiares, profissionais e gestores da saúde com ênfase na defesa dos direitos das pessoas em situação de sofrimento psíquico. A conferência é um espaço para a troca de experiências e de conhecimento, escuta ativa, participação popular, acolhimento, debate, resistência e luta.
Na oportunidade foram discutidos e votados os principais pleitos em prol de avanços nas políticas de saúde mental distribuídos em quatro eixos: cuidado em liberdade como garantia de direito à cidadania; gestão, financiamento, formação e participação social na garantia de serviços de saúde mental; política de saúde mental e os princípios do SUS: universalidade, integralidade e equidade; e impactos na saúde mental da população e os desafios para o cuidado psicossocial durante e após a pandemia.
“Nós convidamos cada um daqueles que atuam no campo da saúde para participar desse processo. As conferências municipais, estaduais e nacionais constituem uma conquista democrática da população, que nos possibilita, junto às bases de nossa sociedade, avaliar, discutir e propor as diretrizes que deverão conduzir as políticas que queremos para o nosso país e, no nosso caso, para a política de saúde mental que desejamos para os próximos anos”, salientou a coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Guarulhos, Gabriella Facunte.
A conferência funciona como um mecanismo de articulação ampla. “Não há como construir políticas públicas sem ouvir as pessoas para as quais essas políticas se destinam. Grandes mudanças só acontecem por meio da união em prol de um objetivo comum e da atuação em rede”, disse a coordenadora de equipe do Projeto Tear, Denise Antunes.
Tear é um serviço da RAPS que promove a inclusão de pessoas em situação de sofrimento psíquico por meio de atividades artesanais distribuídas em nove oficinas de trabalho. As equipes de Papel Artesanal, Culinária e Serigrafia produziram os crachás, sacolas, lanches e bolsas entregues no evento.
De acordo com a participante do Tear Cristiane Santos Queiroz, acompanhar a conferência e poder votar em iniciativas que a contemplam faz com que ela se sinta efetivamente ouvida. “Temos que batalhar sempre por nossos direitos, ninguém quer manicômios. Nós necessitamos de projetos mais humanizados, como o Tear. Faço parte há cinco anos e eu me sinto muito bem, segura. As pessoas se preocupam comigo”, ressaltou.
Para dar continuidade ao movimento a próxima etapa será o envio dessas propostas à Conferência Macrorregional, que inclui as cidades do Alto Tietê, e, posteriormente, à Conferência Estadual, rumo à Conferência Nacional de Saúde Mental.
“Que possamos sair deste encontro fortalecidos e esperançosos para darmos sequência à luta por uma saúde mental humanizada, acessível e integral em todos os níveis de cuidado”, concluiu a coordenadora da RAPS Gabriella.